O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) disse no sábado que as urgências do hospital de Portalegre estão “em rutura completa”, mas a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano refutou a situação, garantindo que “as escalas estão completas”.

Em comunicado, intitulado “Hospital de Portalegre com urgência em rutura completa”, o SIM afirma que “tem alertado nos últimos anos para a contínua degradação das condições de trabalho” nesta unidade hospitalar.

Esta degradação tem vindo a ser cada mais evidente com o aumento da contratação de médicos tarefeiros, diminuição da capacidade de fixação de médicos e contratação de novos médicos com contrato individual de trabalho por tempo indeterminado e pela cada vez maior revolta dos médicos que aí trabalham”, pode ler-se.

Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Ilídio Pinto Cardoso, refuta a alegada rutura das urgências do Hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre.

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Desminto que as urgências estejam em rutura. Temos as escolas todas preenchidas e não há falta de médicos”, argumenta.

No comunicado, o SIM diz ter tido conhecimento, na quinta-feira, de uma carta de descontentamento enviada pelos médicos especialistas em Medicina Interna daquele hospital ao conselho de administração da ULSNA.

Os clínicos, na missiva, “demonstram a sua preocupação perante a precariedade das condições de trabalho, acrescendo o risco de erro médico devido ao elevado número de doentes a seu cargo“, disse o SIM.

Os 12 subscritores da carta aberta, à qual a Lusa teve acesso, escrevem que “o Serviço de Urgência está em rutura completa”, à qual “se soma uma incapacidade humana da observação e avaliação de todos os doentes internados a cargo da Medicina Interna”.

“Não estão asseguradas as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes”, avisam.

Segundo o SIM, “se esta situação nefasta continuar e se se mantiver este ambiente corrosível vivido neste serviço, poderá aumentar ainda mais a saída de médicos” e “a continua incapacidade de fixação dos médicos internos formados nesse serviço”.

Na carta, os médicos referem que têm feito “sucessivos alertas/referências ao não cumprimento dos critérios mínimos de segurança” e que já enviaram até “vários pedidos de escusa de responsabilidade” para a Ordem dos Médicos.

Mas nunca obtiveram “respostas ou soluções para o problema” da parte de instâncias superiores do hospital, pelo que a situação continua “a persistir e a agravar-se”, acrescentam.

O número “reduzido” de especialistas do quadro, o que obriga a recorrer a “colegas em regime de prestação de serviço” e à “sobrecarga horária extraordinária” de internistas para preencher as escalas, é também abordado pelos subscritores.

A formação clínica “encontra-se também em perigo”, pois, “tutores assoberbados com a sua atividade assistencial têm disponibilidade reduzida para as suas atividades formativas, clínicas e científicas”, alegam igualmente os clínicos na carta, entre outras questões.

A missiva é assinada pela diretora do Serviço de Medicina Interna, Isabel Soles, assim como por dois especialistas graduados, cinco especialistas e quatro internos.