“Hoje [domingo], antes do arranque, toquei-me com o [Joan] Mir e fiquei sem asa do lado direito. Perdi estabilidade nas curvas rápidas e não pude desafiar posições melhores. O nono lugar sabe a muito pouco. Obrigado a toda a minha equipa pelo trabalho árduo, pela persistência e pelo carinho. Agora recuperar energias positivas para a segunda metade de campeonato”, escrevia Miguel Oliveira na sua página oficial do Instagram após o quarto nono lugar consecutivo no Grande Prémio dos Países Baixos, prova em Assen que marca a interrupção do Mundial de MotoGP até ao início de agosto, altura em que volta a competição em Silverstone – e muito provavelmente com o futuro do piloto português já decidido.
Depois de ter conseguido passar à Q2 pela primeira vez nos últimos dois meses, o piloto da KTM teve um incidente com o espanhol da Suzuki “que poderia ter sido bem pior” mas que acabou por motivar um impacto grande naquilo que poderia ter sido a corrida. “Foi difícil correr assim. A moto estava um pouco instável nas zonas mais rápidas, nos sectores 2 e 4, e isso fez-me perder uns décimos de segundos. Foi bom acabar no top 10 mas é sempre frustrante quando sabes que podias ter feito melhor e sei que tínhamos a velocidade e ritmo para sermos mais rápidos. Reclamei de que precisávamos de ser mais consistentes e agora já vou em quatro nonos lugares consecutivos. Não é a consistência que gostaria de ter mas agora existe esta pausa para recuperar e voltar melhor”, comentou a propósito da última prova.
????️ "To finish in the top ten was good but it is always frustrating when you know you could have done better, and I knew today we had the speed and the pace to be a bit faster…" @_moliveira88
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— Red Bull KTM Factory Racing (@KTM_Racing) June 26, 2022
Apesar desse condicionamento, Miguel Oliveira conseguiu fechar a primeira metade da temporada no top 10, a seis pontos do oitavo Joan Mir e a 22 do companheiro de equipa e sexto posicionado Brad Binder. Agora, as atenções vão virar-se sobretudo para o futuro, com o português a ser um dos poucos pilotos que ainda não tem oficialmente fechado um acordo para estar na grelha em 2023. E foi a propósito da situação de outro nome, Raúl Fernández, que a KTM voltou a reforçar aquilo que tem nesta fase para o 88.
“Se o Raúl Fernández tem de pagar 1,3 milhões de euros para sair da equipa? Esse valor é incorreto. Mas o Raúl Fernández, tal como o Miguel Oliveira, têm uma relação contratual connosco. E isso tem de ser resolvido de forma correta. Não quero falar muito sobre isso porque ainda é uma questão por solucionar” começou por dizer o chefe da equipa, Pit Beirer, em declarações à Speedweek citadas pelo jornal Record.
“Não tenho nada assinado.” Miguel Oliveira nega acordo com a Aprilia e volta a abrir a porta à Tech3
“O Miguel está livre porque não quisemos acionar a nossa opção no contrato. Decidimos assim porque temos uma boa amizade com ele. Ainda tem a oportunidade de falar e negociar connosco um lugar na Tech3 para 2023. A oferta ainda está de pé. Mas o Miguel não tem nenhum impedimento da nossa parte que o impeça de assinar contrato noutro lado. Não tem de pagar pela sua liberdade, de forma alguma, porque respeitamos o que ele conseguiu nos sete anos que teve connosco”, explicou de seguida.
“Não tenho nada assinado.” Miguel Oliveira nega acordo com a Aprilia e volta a abrir a porta à Tech3
E, numa fase em que várias equipas estão já fechadas para a próxima temporada (ainda que algumas sem confirmação oficial), o português tem três grandes hipóteses para se manter no MotoGP em 2023: a nova equipa da RNF MotoGP Team, formação satélite da Aprilia que não tem nenhum nome oficialmente fechado para a próxima temporada; a Tech3, que fez uma proposta até com um salário mais elevado para ficar na KTM mas não na equipa de fábrica; e a LCR Honda, onde são apontados nomes como Álex Rins (agora na Suzuki, que vai deixar a competição), Takaaki Nakagami e Ai Ogura mas sem confirmação. A Motorcycle Sports acrescenta ainda o facto de não haver certezas da ida de Joan Mir para a Honda Team. Já a Gresini, que apresentou este fim de semana o espanhol Álex Márquez, deixou de ser possibilidade.
- Aprilia Racing: Aleix Espargaró e Maverick Viñales
- Ducati Lenovo Team: Pecco Bagnaia e Jorge Martin ou Enea Bastianini
- Gresini Racing MotoGP: Fabio Di Giannantonio e Álex Márquez
- LCR Honda: Álex Rins e Ai Ogura ou Takaaki Nakagami (sem confirmação de nenhum dos pilotos)
- Monster Energy Yamaha MotoGP: Fabio Quartararo e Franco Morbidelli
- Mooney VR46 Racing Team: Luca Marini e Marco Bezzecchi
- Prima Pramac Racing: Johann Zarco e Jorge Martin ou Enea Bastianini
- Red Bull KTM Factory Racing: Brad Binder e Jack Miller
- Repsol Honda Team: Marc Márquez e Joan Mir (ainda por confirmar)
- Tech3 KTM Factory Racing: Pol Espargaró e/ou Remy Gardner e/ou Miguel Oliveira (sem confirmação de nenhum dos pilotos)
- RNF MotoGP Team: Raúl Fernandez e/ou Darryn Binder e/ou Miguel Oliveira (sem confirmação de nenhum dos pilotos)
“Na minha opinião, os contratos deviam ser feitos no final da época e não antes de metade da época [acabada]. É ridículo pensar que em maio estamos a decidir os dois próximos anos. Para mim é como se faz no futebol, em que existe aquela janela de transferências, onde é possível negociar e fazer contratos… Essa janela de transferências poderia existir no MotoGP. No final da época fazia mais sentido. Todas as pessoas tinham as ideias mais claras. Nesta altura estamos numa era em que se fala muito, naturalmente. Fazer… não muito. Há que falar menos e trabalhar mais. Se nos concentrássemos todos no presente e em fazer o melhor que podemos, tínhamos todos mais a ganhar”, disse o português na sexta-feira, dia das duas primeiras sessões de treinos livres em Assen, em declarações à SportTV.
“Para já não tenho nada assinado. As contratações são feitas em certos timings. Há timings para anunciar, para negociar e para assinar. Para já não vou dizer qual a opção que está mais perto da realidade. É certo que todas essas notícias são coisas adiantadas por outros meios que estão no paddock, porque nos viram a falar com as pessoas, mas isso não implica nada. Implica que estamos a tentar abrir caminho para chegar a vias de facto. Só quando lá estivermos é que podemos anunciar. Sem contratos não há assinaturas. É o que posso adiantar. Tenho a dizer aos meus fãs que aquilo que estou à procura não é uma solução a curto prazo. Estou à procura de estabilidade, de um sítio que me acolha pelas qualidades que me são reconhecidas”, tinha comentado na véspera perante as notícias que o apontavam à RNF da Aprilia.