A expulsão de Carlos Nicolia com vermelho direto após azul, os protestos dos adeptos com o presidente da Federação de Patinagem que fizeram com que Luís Sénica tivesse de abandonar a tribuna da Luz, os largos minutos sem qualquer falta assinalada contra o Benfica. O jogo 4 da final do playoff, que terminou com a vitória dos encarnados por 5-3 levando todas as decisões do Campeonato para uma “negra” no Dragão Arena, teve um pouco de tudo entre alguns excessos à mistura que se prolongaram depois da partida em Lisboa, com as duas partes a trocarem acusações mútuas entre muitas críticas à atuação da arbitragem.

Ânimos quentes, ambiente eletrizante e uma decisão adiada: Benfica vence FC Porto sem Ordóñez e Nicolia e leva final do Campeonato à “negra”

“O Campeonato vai decidir-se na negra mas o Benfica começou a interferir no jogo decisivo mal acabou a quarta partida, com a tradicional inversão da verdade dos factos, depois de beneficiar de uma arbitragem muito simpática. Aos 16 minutos a contabilidade das faltas estava 8-8, um equilíbrio natural, em sintonia com o histórico dos jogos entre as duas equipas; a partir daí o apito entupiu para o FC Porto e soltou-se para o Benfica”, escreveu Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões. “Por muito que tentem apagar o óbvio e fazerem-se de vítimas, só houve um clube prejudicado, e de forma sistemática: o Benfica. Estaremos no jogo decisivo para vencer e que a arbitragem esteja, desta vez, ao nível da decisão do título de hóquei em patins”, respondeu a conta da comunicação dos encarnados no Twitter.

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Um recital decidido em oito minutos: FC Porto vence Benfica em jogo com 15 golos e fica a uma vitória da conquista do Campeonato

O ambiente aquecia fora do pavilhão mas não era apenas na troca de palavras, com o Benfica a tentar ainda contar com Carlos Nicolia apesar do vermelho e dos dois jogos de suspensão, interpondo uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo do Sul que acabou indeferida (entre os cinco castigados depois do polémico jogo 2 entre Benfica e Sporting nas meias, também só Henrique Magalhães não conseguiu suspender por ter visto o vermelho em jogo). “As imagens provam por si só, nunca disse o que aquela pessoa [o árbitro] disse, nem usei essa frase! Mas sei a camisola que represento e esse é o preço que hoje tenho que pagar com orgulho. Vou perder o jogo mais importante do ano mas estarei a dar alento à equipa a partir da bancada”, comentou o avançado após saber que se iria juntar ao lesionado Lucas Ordóñez na lista de ausentes do lado encarnado para o encontro que iria decidir toda uma temporada.

“As finais são para se ganhar. Trabalhámos e lutámos desde o princípio da época. Estivemos em primeiro lugar da fase regular desde a segunda jornada e o nosso grande objetivo é vencer o Campeonato. O fator decisivo será trabalhar como temos feito até agora. O passado não nos interessa e cabe-nos olhar para o presente com humildade e ambição máximas. Analisámos muito bem tudo o que se passou nesta final, sabemos o que temos de fazer para ganhar e não me canso de dizer à equipa: aqui no Dragão não podemos perder com ninguém. Agora na Luz o Benfica aproveitou muito bem as bolas paradas de que dispôs e que foram decisivas para se adiantar no marcador. Demonstrámos alguma ansiedade que nos foi prejudicial mas isso já faz parte do passado”, tinha destacado Ricardo Ares, técnicos dos azuis e brancos.

Um início quase perfeito: FC Porto goleia Benfica no Dragão Arena e ganha vantagem na final do Campeonato

“Estou muito contente por desfrutar e estar neste momento. Vamos fazer o quinto jogo, com o FC Porto. Vai ser um jogo espetacular, duro e muito bonito. É um jogo em que todos os jogadores querem estar. É um privilégio para nós e vamos dar tudo, por nós e pelos benfiquistas. Estamos com muita vontade. Sabemos que não começámos bem a época, houve muitas mudanças. Pelo trabalho e sacrifício que fizemos, chegámos onde estamos e queremos terminar da melhor maneira. São duas equipas muito fortes e com o mesmo valor. Temos de jogar como em casa. Somos uma equipa forte defensivamente, temos bons avançados. Esperamos estar fortes na defesa e aproveitar os ataques”, projetara o avançado Pablo Álvarez.

Agora o tango foi outro: Benfica vence FC Porto na Luz com show argentino e empata final do Campeonato

O FC Porto chegava só com vitórias em casa esta temporada, o Benfica tinha o exemplo de 2014 quando foi campeão europeu em pleno Dragão Caixa. Uma coisa é certa: no final, um seria o novo campeão nacional sucedendo ao Sporting, passando para a frente como clube com mais Campeonatos ganhos (ambos tinham 23 no início da temporada). E o título acabou por cair para os azuis e brancos, que na temporada do treinador espanhol estreia de Ricardo Ares juntaram o Campeonato à Taça Intercontinental (frente ao Sporting, quebrando um longo jejum de troféus internacionais) e à Taça de Portugal (diante do Benfica).

O encontro começou com a saída de bola para os encarnados, com dois remates que ainda assustaram Xavi Malián mas com um novo remake do que já tinha acontecido nos jogos 1 e 3 da final, no Dragão Arena: no primeiro ataque a terminar com tentativa à baliza contrária, Gonçalo Alves aproveitou uma bloqueio para ganhar espaço a Diogo Rafael e atirar cruzado para o 1-0 com pouco mais de um minuto jogado. O recinto dos azuis e brancos, lotado como nas duas primeiras partidas, explodia de alegria mas, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões, o Benfica teve o mérito de manter a estabilidade emocional, não permitir que os visitados cavalgassem na vantagem e chegar mesmo ao empate num remate de Pol Manrubia (5′).

Defendendo mais baixo e fechado do que é habitual, os encarnados foram conseguindo dar uma réplica melhor do que nos três jogos feitos esta temporada no Dragão, tendo depois ataques bem organizados que foram visando várias vezes a baliza de Malián com uma rotação mais curta do que é habitual tendo em conta as ausências de Nicolia e Ordóñez mas seria o FC Porto a conseguir recolocar-se em vantagem ainda antes do intervalo de um jogo com menos faltas do que tinha sido habitual nos quatro encontros anteriores da final, com Di Benedetto a desviar ao segundo poste após jogada de Telmo Pinto para o 2-1 (17′).

A qualidade de jogo das duas equipas, que só pelas lutas internas da própria modalidade não tiveram a oportunidade de lutarem também pelo título europeu (as melhores equipas portuguesas e espanholas não disputaram a Liga Europeia), era evidente mas aquilo que estava em jogo fez em muitos períodos com que existissem mais preocupações em não sofrer do que propriamente em arriscar para marcar e foi assim que foi cumprida metade da segunda parte sem golos, com nove faltas para ambos os conjuntos e dois cartões azuis para Manrubia e Reinaldo Garcia num lance em que ficaram a discutir de forma acesa (37′).

A décima falta acabou por cair primeiro para o lado dos azuis e brancos, num lance que começou com Ezequiel Mena a cair na área dos encarnados a pedir penálti antes da infração sobre Zé Miranda. Era uma oportunidade de ouro para o Benfica chegar de novo ao empate mas Xavi Malián conseguiu travar o livre direto de Pablo Álvarez, pedindo de seguida o apoio do público (40′). No entanto, e quando se pensava que a décima falta estaria a cair para os encarnados, o mesmo Álvarez redimiu-se e fez o empate num lance muito semelhante ao de Di Benedetto, encostando ao segundo poste após assistência de Edu Lamas (44′). Seria ainda assim uma igualdade momentânea, com Gonçalo Alves, de livre direto, a fazer o 3-2 (45′). Na parte final, Edu Lamas viu cartão azul por falta sobre Di Benedetto, o Benfica ficou dois minutos em under play e o Campeonato estava mesmo decidido apesar do 5×4 encarnado nos segundos finais.