A tecnologia que permite as incursões ao espaço e a que está na origem de muitos dos instrumentos utilizados para o estudo do universo é, geralmente, dispendiosa, única e está, de modo geral, muito à frente dos meios tecnológicos utilizados pelas pessoas no seu dia a dia. No entanto, um objeto utilizado por surfistas, skaters e condutores de motociclos tornou-se numa autêntica revolução para a indústria espacial: a câmara GoPro.
A empresa responsável pela construção de satélites, NanoAvionics, utilizou recentemente uma GoPro Hero 7 para filmar um vídeo ‘seflie’ do planeta Terra em resolução 4k. O vídeo gravado mostra o microssatélite MP42 a voar a 550 quilómetros de altitude acima do Recife de Coral e da Grande Barreira de Coral, na região marítima da Austrália. O lançamento do satélite deu-se a 9 de abril deste ano, a bordo de um foguetão da SpaceX.
De acordo com um comunicado da NanoAvionics, a empresa planeia utilizar gravações em tempo real no futuro para operações como a confirmação de lançamento, deteção de problemas de funcionamento com os satélites e gravação de impacto de micro meteoritos.
A razão para tirar a fotografia e o vídeo com a Grande Barreira de Coral ao fundo foi parcialmente simbólica”, explicou o cofundador da empresa, Vytenis J. Buzas. “Queríamos destacar a vulnerabilidade do nosso planeta e a importância da observação da Terra pelos satélites, especialmente na monitorização do ambiente e das alterações climáticas.”
A GoPro, esclarece a NanoAvionics, foi escolhida para a gravação espacial uma vez que as câmaras espaciais “típicas, ou não têm resolução suficiente, ou são caras e precisam de meses de desenvolvimento, não podendo fornecer sempre uma imagem imersiva da Terra”.
Para que a GoPro Hero 7 aguentasse o lançamento e a mudança de temperatura no espaço, foi-lhe retirado o seu invólucro, deixando apenas os componente eletrónicos, substituído depois por uma estrutura feita especificamente pela NanoAvionics. Foi desenvolvido ainda um software de comunicação específico para que a câmara se ligasse aos sistemas do satélite MP42.
As fotografias e vídeos dos satélites a circundar o nosso planeta podem atrair mais atenção e ajudar mais pessoas e organizações a perceber os benefícios sociais, económicos, educacionais e ambientais que os satélites podem ter”, concluiu Vytenis J. Buzas. “Podem ainda inspirar mais pessoas a seguir carreira na crescente indústria espacial.”