A Universidade de Aveiro suspendeu de forma temporária Paulo Lopes, professor do departamento de Física daquela instituição de ensino superior. Na semana passada, foram notícia os comentários que o docente partilhou na sua página pessoal na rede social Facebook, onde descrevia a comunidade LGBT+ como “intolerante”, “radical”, um “lixo humano”, referindo ainda que esta estaria “associada a pessoas profunda e mentalmente perturbadas”.
Esta segunda-feira, em declarações aos jornalistas, citadas pela SIC Notícias, o reitor da Universidade de Aveiro, Paulo Jorge Ferreira, pediu que não se confundisse a parte com o todo, garantindo que o professor já foi suspenso das respetivas funções.
Ainda de acordo com a referida estação televisiva, Paulo Jorge Ferreira falava aos jornalistas à frente da reitoria, enquanto decorria à mesma hora uma manifestação contra o discurso de ódio e discriminação na Universidade de Aveiro. No local, estariam cerca de 200 estudantes universitários, que entoavam cânticos como “a nossa luta é todo o dia, contra o racismo, machismo e homofobia”.
Segundo Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro, esta decisão de suspender o professor foi justificada pela “natureza das declarações e a forma como afetaram o imprescindível ambiente de confiança que deve existir entre um professor e os seus estudantes, o conflito óbvio entre os valores da Universidade e a falta de valores que essas declarações implicam e o impacto sobre a imagem e valores da própria Universidade”.
O reitor referiu ainda que atuou “o mais rapidamente que era possível atuar, dentro da lei e dos procedimentos disponíveis”, garantindo que a UA “rejeita liminarmente qualquer discurso de ódio, qualquer apelo à violência, seja por que motivo for”.
Na semana passada, numa publicação feita na conta pessoal no Facebook, o professor Paulo Lopes insurgiu-se contra os cartazes publicitários dos vários canais de televisão Fox, que fazem referência ao projeto abclgbtqia, que visa “informar o maior número possível de pessoas” sobre a comunidade LGBT+. Os cartazes, que também chegaram a ser acompanhados por spots publicitários durante os intervalos dos canais Fox, partilhavam diversos conceitos ligados à comunidade LGBT+, durante junho, o mês do orgulho LBGT+.
Naquilo que dizia ser um “atentado à inteligência” e à normalidade por parte de “organizações ‘terroristas’”, Paulo Lopes assinalava que “a bosta da ideologia de género” constitui “um dos grandes perigos civilizacionais que teremos de enfrentar”.
Revoltando-se por os cartazes estarem em várias estações de metro do Porto, o docente universitário sublinhava nas publicações que não cabe “ao metro do Porto difundir e propagandear ideologias” associadas a “uma franja minúscula radical” que contribui para a “decadência civilizacional”.