O esforço do novo líder do PSD em promover a unidade continua em várias frentes. Luís Montenegro fez questão de, logo no primeiro dia de mandato, encontrar-se com o antigo primeiro-ministro e presidente da câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes. O encontro durou uma hora, foi à porta fechada, e ficou fora das agendas oficiais quer do PSD, quer da câmara da Figueira. Luís Montenegro, sabe o Observador, terá tentado convencer Santana Lopes a regressar ao partido, algo que o antigo líder do PSD não terá rejeitado à partida.

O encontro era para ser discreto e ocorreu já da parte da tarde de segunda-feira, depois do périplo de Luís Montenegro, mas um jornalista do Diário As Beiras fez uma espera aos dois líderes políticos. O novo líder do PSD, em declarações ao mesmo jornal, terá mesmo admitido esse regresso: “Conhecemo-nos há muitos anos e não precisamos de nos andarmos a convencer um ao outro. Conversámos e, depois, mais para a frente, vamos ver“. Santana não negou essa possibilidade, mas avisou nessas mesmas declarações que o regresso é matéria para “outras conversas e outras envolvências”.

No primeiro dia de mandato, Luís Montenegro procurou assim começar a resolver dois assuntos: o regresso de uma figura histórica do partido (que daria um sinal de reconciliação do partido com todas as fações — e ainda há muitos santanistas) e recuperar a câmara da Figueira da Foz, uma das mais importantes da zona centro. Se Luís Montenegro convencer Santana Lopes a regressar ao PSD, torna quase inevitável que o antigo líder seja o candidato apoiado pelo partido nas autárquicas de 2025.

Luís Montenegro relatou ao Diário As Beiras que esta “foi uma visita a um amigo. Ainda por cima, foi presidente do PSD. No primeiro dia do meu mandato, sabendo nós que nesta ocasião não é militante do PSD, fiz questão de poder estar com ele um bocadinho e conversarmos sobre vários assuntos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já Pedro Santana Lopes, que abandonou o partido para criar outro após perder as eleições com Rui Rio, disse à mesma publicação que voltou a “ouvir o PSD” e que o recebeu com “muito gosto”. Lembrou ainda que ambos trabalharam no grupo parlamentar do PSD em 2007 e 2008, época em que Pedro Santana Lopes foi líder parlamentar.

Pedro Santana Lopes abandonou o PSD em 2018, meses depois de ter perdido as eleições diretas para Rui Rio e avançou para a criação de um novo partido, o Aliança. Curiosamente, Luís Montenegro apoiou Santana Lopes nessa disputa contra Rui Rio. Mais tarde, Santana acabou por deixar o Aliança — após o fracasso em Europeias e legislativas — e começou a preparar a candidatura à câmara municipal da Figueira da Foz.

Nessa candidatura à Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes alimentava a esperança de ser candidato à autarquia apoiado pelo PSD. Chegou a reunir-se com Rui Rio, que apoiava a ideia. Porém, o líder do PSD não estava disposto a enfrentar as estruturas locais e deixou essa condição prévia. A estrutura local rejeitou Santana, como na altura noticiou o Observador, sete meses antes das eleições e escolheu um candidato alternativo.

Santana Lopes conseguiu vencer a autarquia e tornar-se presidente de câmara. No último Congresso do PSD, em dezembro de 2021, chegou a ser avançada a possibilidade do anterior presidente do partido ir até ao Congresso apoiar Rui Rio, mas isso acabou por não se verificar.