O Ministro da Educação disse esta terça-feira  que o apoio de Portugal à reconstrução da Ucrânia “não é um puro ato de solidariedade e cooperação”, mas sim o “reconhecimento do absurdo desta guerra, da crueldade dos ataques”.

“A vontade de Portugal de apoiar a reconstrução da Ucrânia não é um puro ato de solidariedade e cooperação. É o reconhecimento do absurdo desta guerra, da crueldade dos ataques perpetrados contra alvos civis, independentemente das convenções internacionais fundacionais”, afirmou João Costa, durante a Conferência de Lugano, na Suíça, que tem como objetivo a elaboração de um plano para a reconstrução da Ucrânia.

No encontro, que começou na segunda-feira, espera-se que seja desenhado o plano de intervenção para a recuperação do país, que foi invadido a 24 de fevereiro.

Portugal irá ajudar na reconstrução de escolas na região ucraniana de Jitomir, cuja cidade fica a cerca de 150 quilómetros de Kiev, onde se estima que tenham sido destruídas pela guerra cerca de 70 estabelecimentos de ensino.

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Ucrânia: Portugal vai reconstruir escolas na região de Jitomir

O ministro lembrou esta terça-feira que “as escolas são os melhores lugares para construir a paz, para assegurar a civilidade e a democracia. A destruição das escolas são atos vis de poder contra as crianças, contra os seus sonhos. Atacar as escolas é atacar o núcleo da humanidade”.

“Se a guerra é sempre injusta, este sentimento de falta de justiça é maior quando pensamos nas crianças. Nenhuma criança deve ser forçada a acordar com o barulho dos bombardeamentos, nenhuma criança deve ser empurrada para fora da sua cama para fugir, nenhuma criança deve sentir o medo de não saber se o seu pai estará vivo até ao fim do dia”,afirmou hoje João Costa.

Estimativas do governo ucraniano apontam para 1.200 estabelecimentos de ensino do país destruídos pela guerra.

Portugal, juntamente com outros países, ficará responsável pela requalificação de estabelecimentos de ensino desde creches a escolas secundárias na região de Jitomir, estando ainda a ser estudado o número concreto de escolas que ficarão a cargo de Portugal.

“Queira aceitar o nosso compromisso como expressão de solidariedade, e sobretudo como meio de dizer às crianças ucranianas que Portugal não aceita o seu sofrimento e as suas perdas. Apostamos nelas para garantir que, através da educação, a guerra já não será uma solução para nada.

A guerra na Ucrânia levou à fuga de milhões de pessoas, tendo Portugal atribuído até ao momento 46.181 proteções temporárias, 28% das quais concedidas a menores (cerca de 13 mil crianças), segundo dados divulgados hoje pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Desde o inicio do conflito, as escolas portuguesas abriram as suas portas a estes alunos e, segundo o ministro, há cerca de 4.700 estudantes inscritos no ensino português.

“Temos estado com um número muito estável no que foram as matrículas no final do 3.º período e já com a projeção com as matrículas para o 1.º período do próximo ano, com um número muito estável de 4.700 alunos”, avançou à Lusa na segunda-feira.

Na conferência estão representantes de 36 países assim como organizações internacionais, como o Banco Mundial, a Organização Mundial da Saúde ou a União Europeia.