A primeira Astra Sports Tourer electrificada da Opel irá chegar ao nosso país no início de 2023. Tomando como base a berlina de cinco portas, é mais comprida, mais versátil, fruto de uma bagageira mais generosa, disponibilizando ainda uma gama completa de motorizações onde não faltam as tradicionais unidades a gasolina e a gasóleo. Mas tudo indica que, especialmente para as empresas, será a versão híbrida plug-in (PHEV) a mais procurada, em virtude das ajudas de que usufrui, da recuperação do IVA aos descontos na Tributação Autónoma e no Imposto Sobre Veículos.
A Opel já possui uma longa tradição em carrinhas deste segmento e somos levados a crer que a geração mais recente tem argumentos para manter a sua posição no mercado. Se a frente não traz novidades em relação à berlina de cinco portas, a linha lateral é mais esguia e elegante, com os alargamentos dos guarda-lamas a realçarem as formas do modelo, cuja linha do tejadilho baixa para a traseira, onde termina num spoiler de grandes dimensões.
Com 4,642 m de comprimento, a nova Sports Tourer é 26,8 cm mais comprida do que a berlina, mas a vantagem continua a existir se nos concentrarmos na distância entre eixos, maior em 5,7 cm, que tem reflexo no espaço para as pernas de quem se senta atrás. Após o banco posterior surge uma bagageira mais generosa, cuja volumetria útil sobe 175 litros com os bancos levantados e o tapa bagagens fechado (evoluindo de 422 para 597 litros), para ganhar 295 litros com o banco traseiro rebatido (passa de 1339 para 1634 litros). As versões PHEV também ganham face à berlina, mas de forma mais comedida, devido ao espaço ocupado pela bateria, disponibilizando entre 516 e 1553 litros. Para facilitar a utilização, o tapa bagagens pode ser guardardo sob o fundo da mala, quando não está a ser utilizado.
Dois motores a combustão e dois PHEV
O Astra Sports Tourer vai ser proposto entre nós com dois motores a combustão, com um a queimar gasolina e o outro gasóleo. A gasolina a oferta resume-se ao 1.2 turbo com três cilindros, na versão de 130 cv e 230 Nm, uma vez que esta mesma unidade, na versão de 110 cv, não foi considerada adaptada ao nosso mercado. Para quem percorra mais quilómetros, a Opel avança com a motorização 1.5 turbodiesel com quatro cilindros, capaz de assegurar 130 cv e 300 Nm.
Mas se estes motores poderão ser os mais procurados pelos clientes particulares, especialmente o primeiro por ser o mais acessível, será o PHEV que deverá atrair as empresas, pelas vantagens mencionadas acima. Com um motor 1.6 sobrealimentado com 150 cv e 250 Nm associado a uma unidade eléctrica com 110 cv e 320 Nm (instalada dentro da caixa automática de oito velocidades e-EAT8, no lugar onde habitualmente está o conversor de binário), no acumulado, este PHEV fornece 180 cv e 360 Nm, para conseguir percorrer 60 km em modo eléctrico graças à bateria com uma capacidade bruta de 12,4 kWh, que se recarrega em AC a 7,4 kW.
Posteriormente, surgirá um segundo PHEV idêntico em tudo, excepção para a potência do motor a gasolina, que sobe de 150 para 180 cv, o que eleva a potência total para 225 cv, mantendo-se contudo a força acumulada (360 Nm).
Conduzimos o PHEV com 180 cv e cumpre
Para testar, escolhemos a versão PHEV com 180 cv do Astra Sports Tourer, a primeira que vai estar disponível. Por dentro, a carrinha mantém as características que já conhecíamos do Astra berlina, com dois ecrãs que parecem ligados entre si, solução similar à que a Mercedes utiliza no MBUX instalado no EQS (aqui chegam a ser três ecrãs independentes, mas unidos por uma cobertura única em plástico). Os materiais satisfazem, sem ser muito agradáveis, especialmente se comparados com alguns rivais, a começar pelo “irmão” Peugeot 308, o que se torna mais evidente para quem está sentado atrás, onde todo o revestimento é realizado por plástico duro.
O espaço é bom à frente e muito bom atrás, com a carrinha alemã a conseguir rivalizar em versatilidade com os SUV e crossovers que, por serem mais volumosos, são menos eficientes sob o ponto de vista aerodinâmico e em matéria de peso, o que os prejudica em consumo e autonomia. Os 225 km/h de velocidade máxima e 0-100 km/h atingidos ao fim de 7,7 segundos são compatíveis com os 180 cv reivindicados pelo construtor.
Começámos por testar a autonomia em modo eléctrico deste PHEV da Opel, uma vez que estava a 100% quando partimos para a estrada. Sempre em ritmo de passeio, utilizámos duas unidades distintas com as quais atingimos sempre consumos próximos de 17 kWh/100 km, o que nos permitiu percorrer 52 km com a primeira unidade e 56 km com a segunda, sempre em modo EV. De realçar o bom isolamento acústico, bem como o conforto e a sensação de robustez, pelo menos nas unidades ensaiadas e nas estradas em bom estado que caracterizam os arredores de Frankfurt, onde o comportamento nos pareceu equilibrado, sem contudo ser desportivo na versão ensaiada.
Deixando a exploração do modo Sport para outra ocasião, em que a potência do motor de combustão se associa à da unidade eléctrica para somar 180 cv e 360 Nm, optámos por colocar à prova de seguida o modo Híbrido. Já sem energia na bateria, o Sports Tourer passou a apoiar o motor de combustão apenas com a energia que regenerava nas travagens e desacelerações. Nestas condições, o Astra PHEV realizou médias de 4,7 e de 5,2 l/100 km nas duas tentativas que realizámos, valores bons para um híbrido, mas que revelavam uma tendência para subir rapidamente sempre que abandonávamos a toada de passeio.
O novo Astra Sports Tourer vai começar a ser entregue a clientes nacionais a partir do início do próximo ano, por valores que deverão ficar cerca de 1100€ acima dos praticados pela berlina de 5 portas. As primeiras unidades a chegar serão as equipadas com os motores a combustão, a gasolina e diesel, mas só nas versões de 130 cv, a que se junta o PHEV de 180 cv. O PHEV mais potente, com 225 cv, chegará mais tarde, com a Opel a não ter ainda revelado a data em que estará disponível para venda.