O líder parlamentar do PSD disse ver o estado da nação com “muita preocupação”, acusando o Governo de estar “desorientado” e “desorganizado” e de ser incapaz de “promover reformas estruturais” ou de resolver “problemas conjunturais” do país.

O estado da nação para o PSD é bastante preocupante. Nós temos um Governo que tem quatro meses, mas que está desorientado, desorganizado e, sobretudo, sem capacidade reformista, cansado”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento em declarações à agência Lusa, no âmbito do debate sobre o Estado da Nação, que decorre na quarta-feira na Assembleia da República.

Para o líder parlamentar social-democrata, o Governo “tem todas as condições de governação: tem uma maioria absoluta, tem o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o primeiro-ministro, durante mais de um ano, vendeu como a grande bazuca que ia resolver os problemas do país, e tem um ambiente institucional de colaboração com os outros poderes”.

No entanto, apesar destas condições, Joaquim Miranda Sarmento acusou o executivo de António Costa de não ser “capaz de promover as reformas estruturais para resolver os problemas graves que o país tem“, nem de “resolver aquilo que são problemas mais conjunturais, mas que afetam o dia a dia dos portugueses de forma muito significativa”.

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Entre as áreas que identificou como precisando de reformas estruturais, o líder parlamentar do PSD abordou “a competitividade da economia”, sublinhando a necessidade de se “atacar aquilo que são os estrangulamentos da falta de crescimento económico e da baixa produtividade da economia portuguesa”.

Miranda Sarmento destacou ainda a “questão do ordenamento do território” e da descentralização, mas também a “questão demográfica, com o envelhecimento da população e com a redução da população total e ativa” e a “questão da educação e das competências”.

Todos estes problemas que são estruturais e condicionam a capacidade do país, por um lado, crescimento económico e, com isso, gerar mais riqueza e pagar melhores salários; e, por outro, gerar melhores recursos para, com uma melhor gestão pública, ter melhores serviços, são as duas grandes questões que se colocam neste momento”, afirmou.

Perante estes “problemas estruturais”, que implicam “políticas de médio e longo prazo que sejam estáveis”, Miranda Sarmento apelou a que o Governo e o Partido Socialista dialoguem com os restantes partidos, e designadamente com “o maior partido da oposição”.

É importante que existam consensos no país, para lá até dos agentes políticos, sobre as grandes reformas que temos de fazer, para que possamos evitar que esta década e até a próxima sejam uma repetição das últimas duas, de estagnação económica, baixos salários e rendimentos, de muitos jovens a emigrar e de uma acentuada degradação do estado do país e do estado dos serviços públicos”, sublinhou.

O líder parlamentar do PSD considerou, contudo, que essa vontade de diálogo por parte do executivo “tem sido pouco demonstrada”, afirmando que, mesmo quando o PS governava em minoria, “ela foi sempre muito reduzida” e, nestes primeiros meses de maioria absoluta, “foi praticamente inexistente”.

Creio que, nos próximos tempos, face aos desafios que o país vai enfrentar e face às medidas e às reformas que o país tem de fazer, teremos de facto a confirmação ou não se existe essa vontade de diálogo”, afirmou.

Eleito líder da bancada parlamentar social-democrata na última quarta-feira, Miranda Sarmento não quis projetar, para já, quais vão ser as prioridades legislativas do PSD a partir de setembro, mas prometeu que o partido vai ter “uma produção legislativa muito significativa”.

Miranda Sarmento com votação abaixo de Mota Pinto. Rio não foi votar