O documento, de quase 80 páginas, é o primeiro a criticar as autoridades estaduais e federais, e não apenas as autoridades locais da cidade do sul do Texas, pela desconcertante inação de polícias fortemente armados quando um atirador disparou dentro de uma sala de aula.

Na Robb Elementary, os agentes da lei não cumpriram o treino que lhes foi dado para enfrentar um atirador ativo e falharam no estabelecimento de prioridades em salvar vidas inocentes em vez da sua própria segurança”, lê-se no relatório.

O atirador disparou aproximadamente 142 tiros dentro do edifício e é “quase certo” que pelo menos 100 tiros tenham ocorrido antes de qualquer polícia entrar, segundo o documento.

O relatório — a descrição mais completa até agora da resposta hesitante e aleatória ao massacre de 24 de maio na Robb Elementary School — foi escrito por uma comissão de investigação da Câmara dos Deputados do Texas e divulgado esta segunda-feira aos familiares das vítimas.

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O documento denuncia uma situação “caótica”, marcada pela ausência de comando e polícias “apáticos”.

Um total de 376 agentes — guardas de fronteira, soldados estaduais e municipais, departamentos do xerife local e forças de elite — acorreram à escola básica de Robb, revelam legisladores da Câmara dos Comuns.

Mas entre a chegada dos primeiros polícias e a morte do autor do massacre, ocorreram 73 minutos, um atraso “inaceitável” ligado a “uma ausência de comando que pode ter contribuído para a perda de vidas”, escrevem os autores do relatório.

É a primeira vez que se denunciam erros por parte das autoridades estaduais e federais, pois até agora as primeiras informações identificavam o chefe da polícia do distrito escolar, Pete Arredondo, como responsável pela demora dos agentes da polícia em entrarem na sala de aula onde ocorreu o massacre.

Entrevistados pela comissão, vários agentes que participaram na operação explicaram que não sabiam quem era o responsável pela operação e outros disseram que Arredondo era o responsável.

O relatório assegura que nenhum órgão, nem federal nem estadual, se ofereceu para liderar a operação, apesar de estar mais bem preparado do que a polícia local, e finalmente agentes da Patrulha de Fronteira entraram na sala de aula e abateram o atirador sem pedir autorização prévia a Arredondo.

A comissão apurou também que os funcionários da escola deixavam habitualmente as portas destrancadas devido à falta de chaves para todos os professores.

“Se a equipa da escola tivesse trancado as portas, conforme exigido por protocolo, isso poderia ter retardado o progresso (do atirador) por alguns minutos”, destaca o documento.

A divulgação do relatório fez já uma primeira vítima: o presidente da câmara de Uvalde anunciou que o chefe interino da polícia da cidade, no dia do massacre na escola, foi afastado.

O massacre de Uvalde ocorrido em 24 de maio reabriu o debate sobre a posse de armas nos Estados Unidos, um direito consagrado na Segunda Emenda da Constituição.