Três elementos da missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco) morreram esta terça-feira na sequência de ataques ocorridos contra instalações da organização no leste do país, revelou o porta-voz da ONU, Farhan Haq.

As vítimas são um militar e dois polícias militares, dois destes de nacionalidade indiana, tendo-se registado ainda um ferido, referiu o porta-voz das Nações Unidas durante uma conferência de imprensa na sede do organismo, em Nova Iorque.

O governo congolês tinha informado horas antes que ocorreram distúrbios na cidade de Goma, capital da região oriental do Kivu, que resultaram em mortos, sem acrescentar, no entanto, detalhes sobre as vítimas.

Segundo o chefe da polícia de Mutembo, a terceira maior cidade da província de Kivu Norte, citado pela agência AFP, a contagem preliminar era de “três mortos entre os elementos da Monusco, dois indianos e um marroquino, e um ferido”.

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“Do lado dos manifestantes, há a registar sete mortos e vários feridos”, acrescentou o responsável.

Este é o episódio mais grave de uma onda de ataques contra a presença da Monusco no país, noticia a agência Efe.

Os protestos contra a presença das forças de manutenção de paz das Nações Unidas, conhecidas como “capacetes azuis”, estão a decorrer desde segunda-feira em várias cidades deste país africano, e têm feito vítimas.

O porta-voz da ONU confirmou que “centenas de pessoas” participaram nos ataques contra várias instalações da organização, em particular contra a sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Goma, investidas que foram “repelidas” pelas forças de segurança.

Noutros locais, que Farhan Haq não especificou, os atacantes queimaram algumas das instalações da organização liderada por António Guterres, que necessitaram do apoio do Exército da República Democrática do Congo.

Perante os ataques e a manutenção do clima de rejeição, a ONU decidiu retirar grande parte do seu pessoal no Kivu, acrescentou o porta-voz.

Os incidentes são resultado de um clima de hostilidade, alimentado principalmente pelas redes sociais, contra a presença da ONU.

Farhan Haq assegurou, no entanto, que os ataques não significam que a missão tenha falhado, referindo que a situação teria sido muito mais violenta sem a presença da força de paz, devido à proliferação de grupos armados no leste do país.

O ataque ocorre depois do presidente do Senado congolês (Câmara Alta), Modeste Bahati Lukwebo, ter acusado a Monusco, em meados de julho, de não ser eficaz, exigindo a sua retirada.

Presente na RDCongo desde 1999, a Monuc (Missão da ONU na RDCongo) que se tornou Monusco (Missão da ONU para a Estabilização na RDCongo) com a evolução do seu mandato em 2010, é considerada uma das maiores e mais caras missões da ONU do mundo, com um orçamento anual de mil milhões de dólares (cerca de 980 milhões de euros, ao câmbio atual).

A missão da ONU conta atualmente com mais de 14.000 “capacetes azuis”.