O balanço é simples: durante o verão, o Manchester City perdeu Sterling, Zinchenko, Gabriel Jesus e Fernandinho e contratou Julián Álvarez, Stefan Ortega, Kalvin Phillips e Erling Haaland. Ou seja, Pep Guardiola perdeu quatro jogadores perfeitamente identificados com o seu ADN, todos regularmente titulares, e contratou quatro jogadores com óbvias necessidades de adaptação ao futebol inglês e à Premier League. O City tem, provavelmente, o plantel mais curto da era Guardiola — algo que o treinador não considera propriamente mau.

“Gosto de trabalhar com poucos jogadores e ter toda a gente envolvida. É o que é. Mostrámos nos últimos anos que temos plantéis pequenos e que, mesmo assim, conseguimos chegar às últimas fases das competições. E há sempre uma janela de transferências no inverno onde poderemos ir à procura de algo que não conseguimos agora. Temos duas semanas até ao final do mês e vamos ver. Há muitos jogadores no mundo inteiro e vários podem encaixar perfeitamente nesta equipa e na forma como jogamos. O mercado pode ser difícil. Vender é mais difícil do que comprar mas, às vezes, não é possível. Mas temos sempre a nossa formação. Vamos ver”, disse o técnico catalão na antevisão da estreia do Manchester City na Premier League, este domingo, contra o West Ham.

Já depois de terem perdido a Community Shield para o Liverpool, os citizens arrancavam a defesa do título — num caminho que será sempre percorrido lado a lado com mais uma caminhada na Liga dos Campeões e mais uma tentativa rumo à glória europeia. Haaland, contratado ao Borussia Dortmund, era naturalmente o reforço onde recaíam as maiores dúvidas e as maiores expectativas, nem que seja pelo simples facto de ter alterado a forma como o Manchester City ataca e constrói esse ataque. Conhecida por não ter uma referência ofensiva clara, por jogar com muita mobilidade no setor ofensivo e por preferir um falso ‘9’ a um ‘9’ de raiz, a equipa de Guardiola tem agora um avançado fixo, de área, e terá de se adaptar a isso mesmo.

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Assim, este domingo, Haaland era titular e estreava-se na Premier League, apoiado essencialmente por Grealish e Foden. Gündoğan, Rodri e De Bruyne eram os responsáveis pelo meio-campo, com Rúben Dias e João Cancelo a surgirem também no onze, e Bernardo Silva — cuja continuidade no City ainda está em causa, com o Barcelona a permanecer na órbita do internacional português — começava no banco. Do outro lado, David Moyes tinha o inevitável Michail Antonio no ataque e deixava o sonante reforço Gianluca Scamacca, que levou a um investimento de 36 milhões de euros e foi “roubado” ao PSG, ainda como suplente.

Numa primeira parte que terminou com a vantagem mínima do Manchester City, o West Ham começou bem e registou algumas aproximações à baliza de Ederson nos minutos iniciais, demonstrando desde logo que pretendia discutir o resultado. Contudo, de forma natural e com o avançar do relógio, os citizens assumiram o controlo do jogo com base na posse de bola e começaram a construir a partir do setor intermédio, empurrando os hammers para o próprio meio-campo. A equipa de David Moyes só conseguia sair a espaços, principalmente com recurso à transição rápida, mas apesar de ter dificuldades na hora de lutar contra a veloz reação à perda de bola do adversário era muito eficaz a asfixiar o ataque do City no último terço.

De Bruyne foi o primeiro a colocar a bola no fundo da baliza, finalizando um lance construído com combinações entre Grealish, Haaland e Gündoğan, mas a jogada acabou por ser anulada por fora de jogo no norueguês (22′). O West Ham teve de realizar uma substituição forçada nesta fase, com o guarda-redes Fabiański a sofrer uma lesão e a sair para deixar entrar o ex-PSG Areola, e o golo do City acabou por não tardar muito mais: Gündoğan lançou Haaland na área, o avançado sofreu falta do guarda-redes e, na conversão da grande penalidade, o próprio reforço de Guardiola marcou para abrir o marcador e estrear-se nos golos na Premier League (36′).

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e, apesar de o Manchester City manter algum ascendente na partida, era claro que o ritmo tinha quebrado e adormecido por intenção dos citizens — e que o West Ham tentava contrariar isso com velocidade e transições rápidas mas sem grande sucesso, falhando muitas vezes no último passe e no critério no terço mais adiantado. David Moyes mexeu já perto da hora de jogo, trocando Michail Antonio e Lanzini por Scamacca e Benrahma, mas Haaland tinha decidido que este domingo seria o primeiro dia do resto da sua vida na Premier League.

De Bruyne rasgou toda a defensiva adversária com um brilhante passe vertical e o avançado norueguês, à saída de Areola, atirou rasteiro para bisar e aumentar a vantagem (65′). Guardiola ainda lançou Bernardo e Álvarez no último quarto de hora mas já nada se alterou, com o Manchester City a gerir a vantagem até ao fim e a garantir a primeira vitória da temporada na Premier League. E Haaland, com dois golos na estreia na liga inglesa e direito à típica celebração, ofereceu aos citizens o primeiro dia da era zen do clube.