Um movimento quase forçado pelos companheiros quando agradeciam o apoio dos adeptos nas bancadas, uma salva da palmas dos próprios jogadores à referência que liderou a equipa como capitão em campo, os gestos de quem está de partida mas não esquece as últimas seis temporadas que o colocaram como melhor marcador da história do clube. Apesar das declarações de Artur Jorge no final do empate com o Sporting na Pedreira, Ricardo Horta está a caminho do Benfica num negócio que deverá ser confirmado nas próximas horas. No entanto, e sem colocar o acordo em causa, há dois pontos ainda por fechar.
“Último jogo do Ricardo Horta? Não tenho essa informação. Fez mais um bom jogo, vamos ver o que vamos ter. É uma novela que se tem prolongado. Tenho pena que se fale mais nele do que do Sp. Braga. É desconfortável para a equipa. Com um jogo importante como este, os destaques dos jornais foram mais nele do que na equipa e isso é mau…”, lamentou na flash interview da SportTV o técnico dos minhotos. O que faltou apenas acrescentar foi que, após seis semanas entre a primeira proposta que chegou da Luz e a mais recente oferta que convenceu António Salvador, foi nos últimos dias que o acordo ficou fechado.
Depois de uma abordagem com dez milhões mais um jogador e de uma segunda oferta de 12 milhões mais um jogador (que aqui já estava definido que seria Gil Dias, com a anuência de todas as partes), Rui Costa, presidente dos encarnados que tem liderado todo o processo ao contrário do que aconteceu no terreno com as contratações de David Neres, Enzo Fernández e possivelmente Fredrik Aursnes, subiu a fasquia para os 15 milhões e começou a aproximar-se de um entendimento apesar das intervenções do homólogo António Salvador que ia garantindo que não baixaria da fasquia dos 20 milhões, valor pelo qual foi vendido o central David Carmo ao FC Porto este verão (com mais 2,5 milhões de objetivos desportivos variáveis).
Sendo certo que, em termos monetários, será essa a base para a contratação de Ricardo Horta até 2027, ficam por saber duas dúvidas que foram sendo abordadas nos últimos capítulos nas negociações: 1) a possibilidade de Rodrigo Pinho poder chegar, a título definitivo ou num ano de empréstimo, ao Minho; 2) o montante que irá para os cofres dos arsenalistas, tendo em conta a percentagem do passe que pertence ainda ao Málaga. Jorge Mendes, representante do jogador, está também a ultimar essa parte. Vai assim chegar ao fim uma novela de seis semanas, que teve inclusivamente elogios por parte de Roger Schmidt na primeira conferência que fez na Luz e que termina com o final que já era há muito aguardado (sendo que o próprio António Salvador sempre fez questão de “valorizar” a preferência do jogador).
No entanto, e num outro contexto, a “luta” por Ricardo Horta poderia não ter ficado resumida ao Benfica. “Não tentámos ir buscar o Horta porque não temos dinheiro… É jogador do Sp. Braga, não sei o que vai acontecer ao Ricardo mas quero deixar claro que não fizemos qualquer proposta porque não temos dinheiro. Se está fechado com o Benfica não sei, mas tenho a certeza que vai jogar. Não tenho a certeza onde. Desejo-lhe o melhor do futuro, foi um dos jogadores que me ajudou a estar num grande clube como o Sporting”, assumiu Rúben Amorim, treinador do Sporting e ex-técnico do internacional, antes do jogo.
Oito anos depois, Ricardo Horta voltou à Seleção. E escolheu este dia para se estrear a marcar
O que poderia ter mudado esse cenário? Uma eventual venda de Matheus Nunes, algo que Rúben Amorim quer evitar a todo o custo mas que a Sporting SAD tem preparado caso surja mais alguma proposta pelos mesmos valores do Wolverhampton que foram recusados pelo próprio médio: 45 milhões de euros fixos mais cinco de variáveis. Caso a situação do internacional tivesse registado desenvolvimentos na semana que agora acaba, um dos vários jogadores que estavam há muito referenciados era Ricardo Horta, jogando ainda com a possibilidade de Pedro Gonçalves poder regressar à sua posição de origem no Famalicão mais no meio-campo. Assim, e mesmo sendo ainda possível uma saída do jovem jogador para um clube da Premier League ou da Liga espanhola, o avançado dos minhotos deixará de ser opção.
Ao mesmo tempo, Rui Pedro Braz, diretor desportivo dos encarnados que rumou no final da semana aos Países Baixos, tenta fechar a contratação de médio norueguês Fredrik Aursnes. O jogador de 26 anos ainda foi titular pelo Feyenoord este domingo na goleada em Arnhem frente ao Vitesse por 5-2 mas tudo aponta para que se possa despedir esta semana tendo em conta a proximidade do acordo entre as partes para um negócio que renderá pelo menos dez milhões de euros ao conjunto de Roterdão (mais objetivos).