A cabeleira da moda, o bigode farto, as meias que de vez em quando descaíam na perna mas que tinham de voltar para cima por se transformarem em tantas ocasiões num alvo por parte dos adversários. Assim era Chalana e o fator diferenciador que o transformou num dos melhores de sempre: o pé esquerdo. Aquele pé esquerdo era por si só um jogo que dava outra magia a tudo o resto por ter a particularidade de ser interpretado por alguém que era destro mas com demasiada qualidade para fazer uma escolha.
Morreu aos 63 anos Fernando Chalana, símbolo do Benfica e da Seleção Nacional
Nascido no Barreiro, um autêntico viveiro de talentos para o futebol nacional entre uma classe operária que tratava a bola por tu, ainda começou a carreira a ouvir um “não” da CUF mas o Barreirense agradeceu essa decisão errada e ficou com o pequeno jogador de “perninhas de alicate”. Como em quase tudo ao longo da carreira, Chalana bastava estar para dar nas vistas e foi assim que rumou pouco depois ao Benfica, ainda na formação, perante a recusa então do Sporting em pagar tanto por um miúdo que podia ou não funcionar. Funcionou. E de que maneira. Com a chegada à Luz começava a ser escrita história.
Ainda com 17 anos, tornou-se o mais novo de sempre a estrear-se no Campeonato, fazendo a alegria do 3.º Anel que estava ainda por concluir. Mais tarde, depois de um Europeu de 1984 onde afirmou como nunca o que era capaz de fazer em termos internacionais, mudou-se para o Bordéus e o dinheiro foi utilizado para concluir essa mesma parte mítica do antigo Estádio da Luz. O Pequeno Genial tornava-se Chalanix, o principal protagonista a par de Jordão de uma Seleção que chegou às meias-finais de outra grande prova.
“Não houve um outro génio como ele”: as reações à morte de Chalana, aos 63 anos
Ainda voltou aos encarnados três anos depois, terminando a carreira entre Belenenses e Estrela da Amadora, mas a ligação ao Benfica manteve-se após pendurar as chuteiras como treinador da formação, adjunto e técnico da equipa principal sempre que era necessário assegurar um período de transição. Porque essa foi a sua outra imagem de marca: estar sempre presente quando o clube do seu coração mais precisava. Fernando Chalana morreu esta quarta-feira, aos 63 anos.
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