Na semana passada o presidente do PS já tinha aconselhando “olho vivo e pé leve” ao Governo perante a crise instalada e esta quinta-feira vem acrescentar mais um ponto, pressionando o Executivo. Numa publicação no Facebook, Carlos César pede ao Governo que vá “mais além” quanto a quem é prejudicado pela crise inflacionária, mas também com os que mais lucram. E afirma mesmo não compreender que não se avance com um imposto extraordinário sobre os lucros excecionais das empresas neste período de inflação elevada.

O assunto tem sido evitado pelo Governo e é reivindicado à esquerda. O Presidente da República já veio defender que as empresas que estão a lucrar mais com o atual contexto (caso das empresas de energia) tenham “responsabilidade social”. Agora, o presidente do partido da maioria diz que as grandes empresas que revelam “lucros excessivos ou, no mínimo, excecionalmente elevados” deviam “ser objeto de uma colecta fiscal extraordinária, pelo menos na componente que não se destine ao reinvestimento. Não compreendo que assim não se proceda“, remata no texto.

No início da publicação Carlos César até defende as mais recentes medidas do Governo, de reforço do valor e da abrangência do abono de família e a criação da garantia para a infância. “São medidas importantes, a que se soma já em 1 de setembro a gratuitidade das creches, mas é necessário fazer mais”, afirma Carlos César, colocando urgência no pacote de medidas que o Governo prometeu para setembro.

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E vai já avançando com áreas que devem ser cobertas por esse plano que António Costa pré-anunciou no debate do Estado da Nação. Para César, o Executivo tem de agir “diretamente, ainda que a título extraordinário, no rendimento e salvaguardar bens essenciais como, por exemplo, no sector da habitação ou no acesso aos cuidados de saúde”.

Ora, é bom que o governo se apresse e que o faça com a expressão suficiente e adequada face às dificuldades, quer conjunturais quer estruturais, que todos sentem”.

Esta mesma urgência já tinha sido sinalizada pelo socialista, e um dos principais conselheiros de António Costa (integra o seu núcleo político que se reúne semanalmente), na semana passada quando, também através do Facebook, veio dizer que a crise inflacionária e as suas consequências para as famílias e empresas deve ser acompanhada “com muita proximidade e no limite das finanças públicas” do país. Depois rematava: “É o que o Governo certamente já está a fazer ou fará com ainda maior cuidado”.