O FBI recuperou 11 documentos confidenciais da casa de Donald Trump em Mar-a-Lago nas buscas que os agentes efetuaram na última segunda-feira. De acordo com o The Wall Street Journal, alguns eram considerados “ultrassecretos” e o conteúdo era tão sensível que só poderiam ser consultados em instalações governamentais especiais.

Segundo o The Guardian, que teve acesso ao mandato de captura cumprido pelo FBI nas buscas à casa do antigo líder da Casa Branca, Trump está sob investigação por possíveis violações da Lei de Espionagem. Além de violações da Lei de Espionagem, Trump também é investigado por alegada obstrução da justiça e destruição de registos do Governo federal, de acordo com o jornal.

Na lista com todos os documentos, objetos, fotografias, uma nota manuscrita e a concessão de clemência de Donald Trump a Roger Stone que o FBI apreendeu estão quatro conjuntos de documentos “ultrassecretos”, três conjuntos de material “secreto” e três considerados “confidenciais” — mas o seu conteúdo não deverá ser revelado, diz o The New York Times. A defesa diz que Trump retirou a natureza secreta dos documentos antes de os levar, quando ainda era Presidente, mas o FBI sugere que o procedimento para o fazer não foi cumprido com rigor.

Nas 20 caixas com material retirado de Mar-a-Lago estão também informações que o ex-Presidente norte-americano terá recolhido sobre Emmanuel Macron. A lista de todos os itens retirados da mansão de Trump tem sete páginas, que incluem o mandado de busca emitido por um juiz do estado da Florida, mas não qualquer referência às provas que motivaram a investigação.  O mandado foi emitido a 5 de agosto, mas as buscas só foram efetuadas três dias mais tarde.

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No entanto, a lista esclarece os pontos da mansão onde o FBI entrou: o “45 Office” (um escritório de Donald Trump) e “todas as salas de armazenamento e todas as outras salas ou áreas dentro das instalações usadas ou disponíveis para uso pelo ex-Presidente e a sua equipa; e caixas ou documentos que poderiam ser armazenadas, incluindo todas as estruturas ou edifícios da propriedade”.

Taylor Budowich, porta-voz de Donald Trump, sugeriu que essa investigação tem motivações políticas. “O governo Biden está obviamente sob controlo de danos após a operação de fiasco, onde apreenderam os livros ilustrados do Presidente, uma ‘nota escrita à mão’ e documentos desclassificados”. E acrescentou: “Esta invasão à casa do presidente Trump não foi apenas sem precedentes, mas desnecessária”.

Mas, segundo o The New York Times, mesmo que os documentos tenham deixado de ser classificados como secretos por ordens de Donald Trump, isso não significa que o ex-Presidente norte-americano podia retirá-los da Casa Branca e mantê-los.

Algumas das leis mencionadas no mandado de busca não fazem referência à natureza dos documentos: só criminalizam a obtenção ou ocultação de registos do governo, mesmo que não coloquem em causa a segurança nacional. Também há leis que consideram que determinados documentos estão relacionados com a segurança nacional e são secretos, mesmo quando eles não estão classificados dessa maneira nos registos.

Mary McCord, que já teve uma alta patente na Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça e que agora dirige o Instituto de Direito e Proteção Constitucional da Georgetown Law, confirmou ao The New York Times que estes são “documentos altamente confidenciais com potencial para prejudicar seriamente a segurança nacional dos Estados Unidos, inclusivamente beneficiando agentes estrangeiros”.