O grupo franco-ítalo-americano que junta as marcas das antigas PSA e FCA surpreendeu, mais uma vez, a indústria. Nos primeiros seis meses deste ano, a Stellantis, que é dirigida pelo português Carlos Tavares, facturou 88 mil milhões de euros, o que representa um incremento de 17% face ao período homólogo de 2021, crescimento obtido num ano particularmente complexo, em que a Covid-19 e a guerra na Ucrânia parecem ter dado as mãos para sufocar a economia mundial.

Paralelamente, os resultados líquidos no primeiro semestre do ano atingiram 8000 milhões de euros, um aumento de 34% face a 2021. O grupo associa este desempenho à generosa liquidez de 59,7 mil milhões de euros, que também anuncia, a qual lhe permitirá enfrentar com mais à-vontade os volumosos investimentos que se aproximam, para massificar a produção carros a bateria.

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, fez questão em salientar as dificuldades em que estes bons resultados foram atingidos. “Num contexto global muito exigente, continuamos o nosso trabalho para apresentar resultados excepcionais e para executar a nossa estratégia de electrificação”, declarou. “Estamos a transformar a Stellantis numa companhia tecnológica de mobilidade sustentável apta para o futuro.”

O grupo liderado pelo gestor português foi o 2.º que mais vendeu numa Europa a 30 países, em termos de veículos a bateria (BEV) e de veículos de baixas emissões (LEV), ficando a menos de 1000 unidades da liderança deste segmento. No mercado norte-americano, a Stellantis ocupou a 3.ª posição nas vendas de LEV. Se considerarmos as vendas globais, a empresa gerida por Tavares viu as suas vendas de BEV subirem 50% face ao mesmo período de 2021, totalizando agora 136.000 unidades. E o futuro parece risonho, uma vez que para juntar aos actuais 20 BEV, a Stellantis tem agendado o lançamento no mercado de mais 38 modelos exclusivamente alimentados por bateria até 2024.

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Para construir todos estes eléctricos, o grupo está a contar com cinco gigafábricas para produzir células de baterias, três na Europa e duas nos EUA (em parceria com a Automotive Cells Company, Samsung SDI e LG Energy Solution). Simultaneamente, a Stellantis tenta garantir a matéria-prima necessária a fabricação destes acumuladores, assinando contratos de fornecimento com a Vulcan Energy e a Controlled Thermal Resources.

A Share Now, empresa de car sharing entretanto adquirida à BMW/Mercedes, é um dos recursos com que a Stellantis conta para chegar aos actuais 6 milhões de clientes que possui por esse mundo fora, com Tavares a garantir que reforçará os acordos com a Amazon e a Qualcomm para tornar mais fácil e agradável a experiência de utilização dos modelos do grupo.

Mas a alma (e o trunfo) de qualquer construtor é a sua capacidade de comercializar veículos nos diferentes mercados, pelo que deve ser reconfortante para Tavares e para a sua equipa o facto de, na Europa, surgirem cinco modelos do grupo entre os 10 mais vendidos, respectivamente o Peugeot 208, Opel Corsa, Citroën C3 e os Fiat Panda e 500. Nos EUA, as boas notícias chegam pela mão do Jeep Wrangler 4xe, que continua a ser o PHEV mais vendido, um aumento de 55% face a 2021, sendo que a oferta para o mercado do outro lado do Atlântico está a ser reforçada com a chegada do Grand Cherokee 4xe, além do Wagoneer e do Grand Wagoneer.