O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que reuniu esta quarta-feira com o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, criticou os critérios do Governo para atribuição de veículos às corporações.

A Liga desde o primeiro momento que não concordou com a distribuição das viaturas, conforme estava a ser proposta, e fizemos eco disso junto do anterior Governo, dizendo que os critérios que estavam a ser estabelecidos podem ser transparentes, mas que deveriam ser complementados com outros”, afirmou António Nunes, convidado pelos Voluntários da Marinha Grande para melhorar se inteirar do parque automóvel, envelhecido, daquela corporação do distrito de Leiria.

O dirigente salientou que não está a dizer que “os corpos de bombeiros a quem as viaturas estão destinadas não tenham necessidade”, mas “quando o pão é pouco, há que o distribuir por forma a contentar o maior número possível de situações”.

O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, Pedro Franco, também discorda dos critérios para a “atribuição dos 81 veículos na base do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, que na sua interpretação “não são as adequadas”.

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A reunião, que decorreu à porta fechada, também com o presidente da Câmara da Marinha Grande e com o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Leiria, pretende evidenciar que as viaturas da corporação “são poucas e já não estão a caminhar para novas, já que algumas já estão fora do prazo há muitos anos“, disse Pedro Franco, ao lamentar que para o distrito tivessem sido atribuídos dois veículos para os Voluntários de Pombal e para os Sapadores de Leiria.

Critico os critérios, que são transparentes, mas o que não entendo é que haja municípios, que tenham em falta 20 e 30 veículos de combate aos incêndios florestais. Acho uma disparidade e qualquer coisa que não está bem”, referiu.

Segundo António Nunes, esta é a segunda vez que o Governo entrega viaturas, nos últimos “14 a 15 anos”, “o que quer dizer que só cerca de 30% dos corpos de bombeiros em Portugal é que vão ter uma viatura atribuída pelo Estado”.

O presidente da liga questionou ainda a razão de não ter sido “alocado mais financiamentos no plano do PRR e estranhou ainda que “no mesmo PRR houvesse um vasto conjunto de investimentos a serem realizados noutras forças, designadamente na Autoridade Nacional de Emergência Proteção Civil, quer diretamente quer através da Força Especial de Proteção Civil e também na UEPS [Unidade de Emergência de Proteção e Socorro] da GNR”.

Se formos ver, no valor global daquilo que é o apetrechamento do país para as situações de emergência, os bombeiros não são aqueles que vão ter a maior fatia. Quando há uma associação que sente que, por via de não ter capacidade com as suas viaturas, de prestar um bom serviço ao cidadão, é evidente que a Liga vem saber o que se passa e fará eco desses problemas junto de quem de direito”, sublinhou.

Para o dirigente, “desde que acabou o Serviço Nacional de Bombeiros (SNB), que acabou o plano de investimento nos corpos bombeiros”.

Além disso, acrescentou, os cidadãos pagam uma taxa para os bombeiros no seu seguro. “Esses 35 milhões de euros, mais os cerca de 15 milhões de euros que vêm dos jogos da Santa Casa da Misericórdia, dá cerca de 50 milhões, eram para financiar as estruturas do SNB. Quando foi extinto e foi integrado na Proteção Civil, essa verba passou a fazer parte de um bolo da Proteção Civil e não dos bombeiros”, lamentou.

Confrontado com o número de veículos em estado avançado de vida nos corpos de bombeiros de todo o país, António Nunes disse não ter esses dados, porque a Autoridade Nacional de Emergência de Proteção Civil não lhos fornece.

Por isso, pediu a todos os corpos de bombeiros do país para informarem as federações distritais, cujo levantamento ainda decorre.