Dez atletas na natação pura, Cheila Vieira e Maria Gonçalves na natação artística e mais Tiago Campos, Diogo Cardoso, Angélica André e Mafalda Rosa nas águas abertas. Era esta a equipa nacional que iria marcar presença nos Europeus de Piscina Longa, que tinham como principal sede o Foro Itálico que já recebera antes Mundiais (1994 e 2009). Será esta a equipa nacional que, no final da competição, ficará como a melhor presença de sempre na competição sobretudo a nível de natação pura. E esta quarta-feira, último dia desse segmento, a Seleção estaria representada em três finais quase consecutivas depois de uma sessão vespertina na véspera de sonho com três meias-finais superadas em meia hora.

A meia hora de afirmação de um projeto: Gabriel Lopes, Ana Catarina Monteiro e João Costa na final dos Europeus

Diogo Ribeiro tinha sido o expoente máximo dessa afirmação na capital transalpina. Apesar de ser ainda júnior (17 anos), o atleta do Benfica tornou-se apenas o terceiro a ganhar uma medalha em Europeus após Alexander Yokochi e Alexis Santos com um bronze nos 50 metros mariposa onde bateu por duas vezes o recorde nacional. Em paralelo, foi ainda à final dos 100 metros mariposa após ter marcado mais um registo máximo nacional, acabando em oitavo. Nos 100 metros livres, conseguiu também dois recordes nacionais ficando na nona posição, ao passo que nos 50 metros livres, última prova realizada, fez também um novo máximo pessoal e de juniores nas meias-finais, terminando a distância com o 11.º lugar.

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Outro recorde nacional, uma medalha histórica: Diogo Ribeiro vence bronze nos 50m mariposa dos Europeus

No setor feminino, Camila Rebelo (Louzan) igualou o melhor resultado de sempre de Portugal com um quinto lugar na final dos 200 metros costas, batendo ainda por duas vezes os recordes nacionais nos 100 metros costas. Já Tamila Holub (Sp. Braga) chegou também à quinta posição na final dos 1.500 metros livres, onde Diana Durães (Benfica) foi sétima. Ana Rodrigues (ED Viana) conseguiu também superar o máximo que já lhe pertencia nos 50 metros bruços. Mas houve mais numa comitiva que tinha ainda Rafaela Azevedo (Algés) e Francisco Santos (Sporting), com Gabriel Lopes (Louzan) a estabelecer um novo máximo nacional nos 200 metros bruços e João Costa (V. Guimarães) nos 100 metros costas.

Tão perto da história: Tamila Holub acaba final dos 1.500 metros em quinto e iguala melhor classificação de sempre em Europeus

Para finalizar, as três supracitadas finais: João Costa nos 100 metros costas a partir das 18h10 locais (menos uma em Portugal), Ana Catarina Monteiro (CF Vilacondense) – que conseguiu em Tóquio o melhor resultado em Jogos Olímpicos no quadro feminino, com um 11.º lugar – nos 200 metros mariposa às 18h16 e a grande esperança Gabriel Lopes nos 200 metros estilos, com a esperança de um final com chave de ouro que seria sempre um triunfo tendo em conta o número recorde de finais atingidas pela equipa nacional.

Gabriel Lopes bate recorde nacional dos 200 metros bruços

João Costa, a nadar na pista 1 (de fora), estava longe da luta pelas medalhas mas tinha como objetivo paralelo a possibilidade de bater o recorde nacional de 53,87 que tinha feito nas eliminatórias dos 100 metros costas. Ficou muito perto, com 54,01 (fazendo a viragem com parcial que fazia sonhar com essa quebra do registo máximo de Portugal que lhe pertence), mas acabou numa quinta posição que igualou as segundas melhores participações nacionais em 2022 de Camila Rebelo e Tamila Holub, apenas atrás da medalha de bronze de Diogo Ribeiro nos 50 metros mariposa. O italiano Thomas Ceccon confirmou o favoritismo e ganhou com 52,21, à frente do grego Apostolos Christou (52,24) e do francês Yohann Ndoye Brouard (52,92). O suíço Roman Mityukov acabou na quarta posição da final com 53,55.

Seguia-se Ana Catarina Monteiro nos 200 metros mariposa, também com a portuguesa na pista de fora (neste caso a 8). Neste caso, devido a uma quebra na segunda metade da prova, a atleta ficou longe do seu recorde de 2.08,03, terminando com 2.10,79 que lhe valeu a sétima posição. A bósnia Lana Pudar, que ainda é júnior, ganhou a medalha de ouro com 2.06,81, à frente da dinamarquesa Helena Rosendahl Bach (2.07,30) e da italiana Ilaria Cusinato (2.07,77).  As britânicas Laureen Kathleen Stephens (2.98,47) e Keanna MacInnes ficaram fora do pódio apesar das boas indicações nas meias-finais.

“Depois disto, o objetivo não é andar para trás”. Ana Catarina Monteiro é 11.ª na natação e faz o terceiro melhor resultado de sempre

Por fim, Gabriel Lopes. Com muita esperança depois de conseguir o melhor registo das meias-finais, com muitas cautelas porque a concorrência numa provas sempre mais aguardadas era fortíssima. No entanto, aquela cara de concentração na entrada para a pista 4 quase que confirmava o que viria a acontecer na final dos 200 metros estilos: a conquista da medalha de bronze, tal como acontecera com Alexis Santos em 2016 em Londres. Se esta era uma edição histórica para Portugal, ainda mais se tornou porque pela primeira vez conseguiu ganhar duas medalhas numa só edição a seguir ao bronze de Diogo Ribeiro.

Depois de acabar o percurso inicial de mariposa na quarta posição com 25,36, Gabriel Lopes conseguiu fazer prevalecer aquelas que são as suas duas maiores especialidades: costas, onde foi o melhor com 29,24 e passou para o segundo lugar, e bruços, onde foi o segundo melhor com 34,02 que lhe deu a liderança da prova antes da viragem para os últimos 50 metros livres, uma espécie de calcanhar de Aquiles mas onde conseguiu segurar a vantagem para o suíço Jeremy Desplanches no terceiro lugar (34,02). O húngaro Hubert Kos ganhou o ouro com 1.57,72, ao passo que a prata ficou para o italiano Alberto Razzetti com 1.57,82. O português terminou com 1.58,34, à frente do nadador helvético que foi quarto (1.58,89).