O primeiro dia não correu bem, com um 13.º registo matinal na primeira sessão a não ter melhorias à tarde devido a uma queda perigosa mas sem consequências, o segundo dia também não foi muito melhor. Após ter falhado a qualificação para a Q1, Miguel Oliveira ainda andou em lugares de quinta linha da grelha de partida mas acabou por descer à 17.ª posição, um posto demasiado atrás para quem tinha ambições de prolongar o bom reinício de Mundial após a paragem de cinco semanas sendo sexto em Silverstone.

O primeiro sector que não teve continuidade: Miguel Oliveira sai do 17.º lugar para o Grande Prémio da Áustria

“A qualificação foi dura. Sabíamos que seria difícil passar à Q2 e não tínhamos margem suficiente para o conseguir. Vamos analisar o que podemos melhorar amanhã [domingo]. De certeza que a corrida vai ser melhor, que é o habitual, pelo que temos de fazer um bom arranque e recuperar alguns lugares”, tinha comentando o português à assessoria de imprensa da KTM, não escondendo a frustração por não ter conseguido chegar às melhorias desejadas depois das quatro sessões de treinos livres no Red Bull Ring.

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Miguel Oliveira voltava a um traçado que ficará para sempre marcado na sua carreira (embora tenha agora sofrido alterações com uma nova chicane e não esteja também a mesma aderência), por ter conseguido ali a primeira vitória de sempre no MotoGP com uma ultrapassagem fantástica a Jack Miller e Pol Espargaró na última curva no Grande Prémio da Estíria de 2020, quando estava ainda na Tech3. No entanto, a realidade era quase oposta, não só pelo seu registo de qualificação mas também pelo fosso que Brad Binder, companheiro na equipa de fábrica da KTM, não conseguiu impedir estando na Q2 (12.º). Era a Ducati que dominava por completo, tendo a Yamaha de Quartaro como única aparente rival na prova.

Por tudo isso, o número 88 iria em busca de um mal menor numa fase importante da temporada a todos os níveis depois do anúncio da última oferta de renovação de contrato apresentada pela KTM para ser um dos pilotos da nova GasGas Factory Team (novo nome da Tech3 em 2023) com o já confirmado Pol Espargaró. “Há uma pequena hipótese de aceitar a proposta da GasGas, preciso de uns dias para pensar. É algo novo, de hoje [sexta-feira]. A oferta ainda não está na mesa. Reforçaram a vontade de me manterem na família. É tudo o que posso dizer, não há nenhuma decisão”, comentou o português que já era dado como certo na nova RNF Aprilia não só pela imprensa especializada mas também pela Ducati… e pela KTM.

KTM faz último forcing, Miguel OIiveira reabre a porta, Aprilia fica em stand by: “Há uma pequena hipótese, preciso de uns dias para pensar”

Sendo muito provável que uma decisão possa surgir na antecâmara ou pouco depois do Grande Prémio de São Marino em Misano, no primeiro fim de semana de setembro, os próximos dias serão decisivos para o futuro do piloto português. No entanto, e também perante esse cenário, a prova na Áustria era o principal foco para Miguel Oliveira, que no warm up matinal não foi além do 17.º lugar sem baixar do 1.31. Mais uma razão para a partida ser tão importante (e com direito a presença de todos os pesos pesados da KTM a seu lado antes da prova), ainda que sem grande sucesso: após ganhar só uma primeira posição, o português aproveitou a queda de Joan Mir para chegar a 15.º e ultrapassou depois Nakagami em 14.º.

Lá na frente, Enea Bastianini teve um bom arranque mas Pecco Bagnaia conseguiu subir à liderança, seguido pelo piloto da Gresini e por mais duas Ducati de Jack Miller e Jorge Martín. As Aprilia estavam a subir, com Maverick Viñales e Aleix Espargaró com Fabio Quartararo pelo meio nas posições 5-6-7. Na terceira volta, Bastianini passou para a terceira posição, havendo esse interessante duelo com Jorge Martín que se vai prolongar na Ducati para saber qual deles será o companheiro de Bagnaia em 2023. Mais atrás, Marco Bezzecchi conseguiu ultrapassar Miguel Oliveira e o português desceu de novo ao 15.º lugar antes de voltar a 14.º pela saída de pista de Bastianini quando luta com Martín e Quartararo.

As posições começavam a estabilizar com 20 voltas para o final: Bagnaia e Miller lutavam pelo primeiro lugar, Quartararo a tentar ainda chegar a Jorge Martín na terceira posição, Aleix Espargaró sem perder de vista o campeão e líder do Mundial, Brad Binder na décima posição e Miguel Oliveira a rodar em 13.º após ultrapassar Darryn Binder, estando a 1,8 segundos de Bezzecchi no 12.º posto. O português conseguia as suas melhores voltas nesse período mas o fosso não diminuía muito em relação ao transalpino que na Q1 teve uma queda entre as curvas 2 e 3 que acabou por condicionar apenas a qualificação para a corrida. Ou seja, e em resumo, ou existiam quedas e desistências à frente ou a prova estava basicamente feita.

Antes das últimas dez voltas, a única novidade foi mesmo uma saída mais larga de Martín que deixou Fabio Quartararo na terceira posição mas com o piloto da Ducati colado. Um pouco mais atrás, Maverick Viñales, com uma corrida com vários erros, desceu mais uma posição para décimo por troca com Brad Binder. No entanto, as KTM estavam muito longe daquilo que já conseguiram fazer, no Mundial e no Red Bull Ring, apesar de todo o apoio em torno de Miguel Oliveira por parte dos diretores da marca. O português seguia em 13.º mas agora na perseguição a Fabio Di Giannantonio, ao passo que Aleix Espargaró desceu mais um posto para sexto depois da ultrapassagem de Luca Marini, também com uma grande prova.

Tudo aqueceu quando Fabio Quartararo arriscou a ultrapassagem a Jack Miller, não só subindo ao segundo lugar como dando margem para Jorge Martín arriscar uma posição de pódio. Com Pecco Bagnaia a liderar com algum avanço, era nessa luta que estavam todas as atenções, sendo que Brad Binder ainda conseguiu subir a oitavo aproveitando um erro de Álex Rins em mais uma prova para esquecer da Suzuki. Johann Zarco também salto para a sexta posição por troca com Aleix Espargaró, numa mudança que tinha ainda reflexo na classificação do Mundial. No entanto, o golpe de asa estava ainda por surgir: Martín forçou a ultrapassagem a Jack Miller, caiu e as contas ficaram resolvidas, com Miguel Oliveira a ultrapassar Maverick Viñales e a concluir a prova no 12.º lugar ganhando ainda uma posição no final.