Estreou esta sexta-feira nas salas de cinema chinesas o filme de animação “Minions 2: A Ascenção de Gru” — com 88 minutos de duração, em vez dos 87 da versão original, não tardaram a perceber os fãs da saga iniciada em 2010 e a denunciar na rede social Weibo, uma espécie de Twitter chinês.

Em vez do final pensado pela Universal Studios, em que o supervilão Gru, na sua versão pré-adolescente, percebe que o seu mentor fingiu a própria morte para escapar à polícia e foge alegremente com ele e com o seu exército de minions, a censura chinesa forjou o seu próprio fim. Um fim em que Gru, o vilão mais maldisposto do planeta, se torna bom — isto justamente no filme em que se pretende revelar a origem do personagem.

De acordo com os fãs chineses da saga, citados pela Reuters, eis o final alternativo de “A Ascenção de Gru”, acrescentado em estilo “apresentação de PowerPoint”: Wild Knuckles, o mentor do jovem Gru, é apanhado pela polícia e condenado a 20 anos de prisão; Gru regressa para junto da família e tem como maior realização de vida “ser pai das suas três filhas”.

Observou sarcasticamente uma utilizadora do Weibo, num comentário publicado este sábado em resposta à dúvida sobre o prolongamento do filme na China: “Foi só porque nós precisamos de orientação e cuidados especiais, por medo de que um desenho animado nos ‘corrompa'”.

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À Reuters, nem a Universal Studios nem os responsáveis pela distribuição da película naquele país, fizeram qualquer declaração sobre o acrescento ao filme, um dos maiores sucessos de bilheteira em todo o mundo este verão, que deu até origem a uma trend no TikTok — ir em grupo ver o filme, de fato completo vestido e banana na mão —, entretanto banida por uma série de salas de cinema no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Não é incomum que, na China, os filmes em exibição sejam censurados — nos cinemas e não só. No início do ano, foi notícia a alteração do final de Fight Club (de 1999) na plataforma de streaming da Tecent, a maior empresa chinesa de internet. Em vez de com a destruição, à bomba, de uma série de arranha-céus em Los Angeles, o filme passou a terminar com uma nota escrita a explicar que a polícia “descobriu rapidamente todo o plano e prendeu todos os criminosos, impedindo com sucesso que a bomba explodisse”.

Na altura, Chuck Palahniuk, autor do livro que deu origem ao filme, não se conteve e comentou o caso na sua conta de Twitter: “”Isto é SUPER maravilhoso! Na China todos têm um final feliz!”. Um mês depois, graças à controvérsia gerada pela alteração, a versão original tinha sido reposta.