Se dúvidas ainda existissem em relação à vontade da KTM em manter Miguel Oliveira na equipa, bastava um olhar rápido para a grelha de partida para o Grande Prémio da Áustria para se testemunhar esse desejo reforçado por uma última proposta de renovação. Brad Binder, mais à frente no final da quarta linha (12.º), tinha pouca ou nenhuma gente à sua volta; o português, numa modesta 17.ª posição, concentrava as pessoas de relevo da equipa em seu torno. Era tempo de concentração, num período particularmente importante para o piloto que em mais de 90% das ocasiões prefere não falar aos meios de comunicação para se focar na corrida. Sem moto para mais e com os pneus já desgastados, acabou a prova em 12.º.

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“Foi uma corrida difícil, em que dei o meu melhor para recuperar posições mas senti alguns problemas com o pneu traseiro que me dificultaram a aproximação e a ultrapassagem aos adversários. A equipa fez todos os possíveis. Mas foi um fim de semana super agradável, é sempre bom regressar aqui e correr diante dos fãs da KTM. Conseguimos alguns pontos mas não estamos satisfeitos com o resultado e seguimos para Misano [Grande Prémio de São Marino, a 4 de setembro] querendo algo mais”, comentou à sua assessoria de imprensa o número 88 que manteve o décimo lugar na classificação do Mundial de 2022.

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Agora, é hora de decidir o futuro, como o próprio admitiu antes da qualificação no Red Bull Ring. “Ainda não podemos confirmar o nosso segundo piloto na GasGas. Há a possibilidade de manter o nosso amigo Miguel Oliveira na família, mas de momento não está nada decidido. Vamos ter de esperar um pouco mais. Hoje terá uma nova oferta”, referiu Pit Beirer, diretor desportivo da KTM, à margem da apresentação de Pol Espargaró como piloto da equipa da GasGas, novo nome da atual Tech3. “Há uma pequena hipótese de aceitar a proposta da GasGas, preciso de uns dias para pensar”, disse o português em declarações à SportTV. “É algo novo, de hoje. A oferta ainda não está na mesa. Reforçaram a vontade de me manterem na família. É tudo o que posso dizer, não há nenhuma decisão”, referiu depois aos meios do MotoGP.

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Aquilo que parecia ser uma transferência certa para a Aprilia e para a nova equipa da RNF (o outro piloto de quem se fala é Raúl Fernández), até para a própria KTM e para a Ducati que esteve em negociações com o português para rumar à Gresini Racing, tornou-se mais uma vez dúvida. E o mesmo Stefan Pierer, diretor executivo da Pierer Mobility que detém a KTM (e líder do Conselho Executivo da KTM AG) que se tinha até mostrado satisfeito com o projeto da Aprilia para o português pela consideração que mostra pelo número 88, mudou em parte o discurso dando o novo timing do final da semana para uma decisão.

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“Não acho que o Miguel vá correr connosco em 2023 porque ele assinou uma carta de intenções com a Aprilia. Agora, garantimos-lhe que a Tech3 será uma verdadeira segunda equipa de fábrica no futuro. Ele não sabia disso quando lhe oferecemos a mudança para a Tech3 em maio. Se ele soubesse na altura como a equipa vai ser estruturada no futuro, poderia ter ficado. Ficou um pouco magoado quando assinámos com o Jack Miller mas é como é. Agora vamos esperar e ver o que Miguel diz. Se ele quiser há vaga na Tech3. A bola está agora nas mãos dele. Oferecemos-lhe um contrato de três anos para que tivesse estabilidade e construísse o projeto GasGas com o Pol [Espargaró]”, disse à Speedweek.

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“Explicámos ao Paulo [Oliveira, pai e agente do piloto] numa conversa muito boa e construtiva que a GasGaS do Hervé Poncharal será a nossa segunda equipa de fábrica. Pode ter sido mal comunicado ou ele não quis ouvir. Tanto quanto sabemos, o Miguel Oliveira ainda não assinou um contrato definitivo com ninguém. Também concordámos que, mesmo que a separação seja efetiva, continuaremos amigos. Agora pai e filho têm que decidir nos próximos dias. Teremos uma resposta até o final desta semana”, acrescentou o CEO da equipa austríaca, Hubert Trunkenpolz, ao mesmo meio de comunicação.