A primeira jornada da Premier League, onde o Wolverhampton perdeu com o Leeds, deixou claro que a equipa de Bruno Lage precisava urgentemente de reforços. Gonçalo Guedes chegou, Matheus Nunes também, João Moutinho recuperou da lesão que o afastou da jornada inaugural — e os resultados continuaram sem aparecer, entre um empate contra o Fulham e uma derrota com o Tottenham. Este domingo, em casa, o Wolves precisava de ganhar até para ultrapassar a barreira psicológica que era estar na zona de despromoção da liga inglesa.

O adversário, porém, não era o mais acessível. O Wolverhampton enfrentava um Newcastle milionário, musculado e cheio de confiança, vindo de um empate com seis golos contra o campeão Manchester City e acabado de confirmar a contratar o avançado Alexander Isak, sueco vindo da Real Sociedad por uns 65 milhões de euros que são um recorde para os magpies. Uma ocasião que Bruno Lage aproveitou para reiterar que o plantel ainda não poderia estar fechado.

“Queremos mais soluções e estamos no mercado para encontrar essas soluções. Isso é o que eu quero. Estamos a tentar encontrar um avançado com um perfil diferente do do Raúl [Jiménez]. O Raúl é muito bom na dinâmica e é muito bom na grande área e queremos um perfil diferente. Tudo pode acontecer. Estou com feliz com toda a gente mas sabemos sempre que podem ocorrer muitas mudanças. Estamos a mudar. Vamos ver o que acontece até ao último dia do mercado”, explicou o treinador português na antevisão da partida.

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Assim, este domingo, Bruno Lage lançava José Sá, Nélson Semedo, Matheus Nunes, Rúben Neves, João Moutinho, Gonçalo Guedes e Pedro Neto no onze inicial, deixando Podence e Dendoncker no banco e oferencendo a primeira titularidade da época a Raúl Jiménez na Premier League — já depois de o mexicano ter regressado de lesão na Taça de Inglaterra, contra o Preston, onde até marcou. Do outro lado, Isak ainda não estava nos convocados e Eddie Howe apostava em Miguel Almirón, Saint-Maximin e Chris Wood no ataque.

Numa primeira parte em que o Wolves até teve algumas dificuldades nos primeiros 20 minutos, a equipa de Lage conseguiu começar a reagir a partir da meia-hora, demonstrando-se bastante perigosa sempre que tinha capacidade para entrar no último terço do Newcastle. Pedro Neto teve uma boa ocasião para inaugurar o marcador, Matheus Nunes cabeceou por cima após cruzamento de Jiménez e o Wolves acabou por saber capitalizar a resistência que demonstrou no período inicial face às diversas investidas do conjunto de Eddie Howe.

Já perto do intervalo, na sequência de uma jogada em que Pedro Neto abriu da direita para a esquerda para encontrar Gonçalo Guedes, o internacional português colocou a bola à entrada da grande área e Rúben Neves, de pé direito e com um grande pontapé, não deu hipótese a Nick Pope para colocar o Wolves a vencer (38′). O médio, capitão de equipa, chegava aos 25 golos pelo clube inglês — sendo que 16 foram de fora de área e que é o único jogador a ter marcado em todas as cinco temporadas desde que o Wolverhampton regressou à Premier League.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o jogo foi desenrolando sem enormes oportunidades ou grandes aproximações às duas balizas, ainda que ficasse claro que o Newcastle tinha mais posse de bola e que o Wolves pretendia defender bem para depois explorar a profundidade e as transições rápidas. Eddie Howe foi o primeiro a mexer, lançando Targett e Ryan Fraser a 25 minutos do fim, enquanto que Bruno Lage ia optando por manter as escolhas iniciais para prolongar a consistência que a equipa ia apresentando.

Já dentro dos últimos 10 minutos e num dos tais contra-ataques medidos com regra e esquadro, o Wolves ainda chegou a colocar novamente a bola no fundo da baliza, por intermédio de Raúl Jiménez e com assistência de Pedro Neto, mas o lance acabou anulado pelo VAR por falta do português no início do lance. Logo depois, Lage fez as primeiras substituições e lançou Podence e Hwang para os lugares de Guedes e Neto — mesmo a tempo de os dois jogadores assistirem de cadeirinha ao empate do Newcastle.

Já em cima do final do tempo regulamentar, numa altura em que o Wolves geria o resultado, Hwang teve um alívio mal medido e deixou a bola redondinha à entrada da grande área. Matheus Nunes atrasou-se e Saint-Maximin ficou totalmente livre para rematar de primeira, com muita força e sem dar qualquer hipótese a José Sá (90′). Até ao fim, já nada mudou: o Wolves cedeu o empate ao Newcastle mesmo ao cair do pano e poderia até sofrido o segundo golo nos descontos, continuando sem qualquer vitória na Premier League ao fim de quatro jornadas. E assim, nem os mísseis de Rúben Neves conseguem defender Bruno Lage das balas.