O ex-vice-chefe do governo espanhol e antigo líder do Podemos, Pablo Iglesias, criticou, esta quarta-feira, aquilo que diz ser o “exército de insensatos” que tem deixado elogios à atuação do último Presidente da União Soviética (URSS), Mikhail Gorbachev. “A direita e o progressismo mediático elogiam em bloco a figura de Gorbachev. Mas não porque se identificam com as suas ideias, mas porque celebram o liquidador da União Soviética.”

Num artigo de opinião a que deu o título “Que volte a URSS… Nem que seja para provocar”, Pablo Iglesias denunciou a “hipocrisia” dos dirigentes políticos que elogiam Gorbachev. “É notável, tendo em conta que o resultado da liquidação e venda da União Soviética foi o regime de Boris Yeltsin e de Vladimir Putin, aplaudidos até há pouco pela totalidade dos regimes e das elites económicas ocidentais”.

“O fim da URSS e dos regimes do socialismo real melhorou a vida dos cidadãos [russos] e dos cidadãos do resto do planeta?”, questionou Pablo Iglesias, respondendo depois que “não é fácil contestar afirmativamente dadas as circunstâncias em especial as geopolíticas”.

Apesar de considerar que a União Soviética não ter um “regime defensível”, o ex-vice-chefe do governo de Espanha considera que o “seu desaparecimento distanciou a Humanidade de um futuro humanamente viável”. “É uma evidência.” O ex-líder do Podemos acrescentou que esta posição “supõe saltar aos infames consensos mediáticos e político”, mas consiste em “dizer a verdade frente aos insensatos”.

De acordo com Pablo Iglesias, “é imprescindível” não negar “a falta de liberdade civis” dos regimes do estilo soviético”. É igualmente “imprescindível” — é, aliás, “um insulto à histórica política” — “não reconhecer que boa parte dos avanços sociais da Europa Ocidental deveram-se à pressão que a própria existência da União Soviética exercia sob o capitalismo”.

Atualmente, o ex-líder do Podemos destaca que “nenhum governo tem o poder de questionar o capitalismo”, cuja “lógica de acumulação sem fim e crescimento sem fim pode acabar com a Humanidade”. Isto, continua, “ao mesmo tempo que um exército de insensatos elogia Gorbachev”.

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