O novo CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, confirmou que a empresa que dirige vai continuar a apostar nos automóveis eléctricos, tal como aconteceu até aqui, com o seu antecessor ao volante. Mais do que isso, promete reforçar essa aposta, o que transpareceu para o exterior através do plano com 10 pontos que revelou numa apresentação ao conselho de administração.

Os automóveis alimentados prioritariamente por bateria serão adoptados por todas as marcas do grupo, inclusivamente a Porsche, que Blume dirigiu até aqui e que, se por um lado apostou no Taycan e prepara o Macan ainda para este ano, continua a querer manter os motores de combustão em produção – alimentados por combustíveis sintéticos, por serem neutros em carbono –, para continuar a manter os lucros em alta.

O Grupo Volkswagen realizou a 1 de Setembro uma troca de CEO, com Herbert Diess a ser substituído por Oliver Blume. Se Diess foi contratado por ser anteriormente um quadro da BMW, para não ter qualquer ligação ao escândalo Dieselgate que custou ao gigante alemão mais de 50 mil milhões de euros, entre multas e compensações nos EUA e, em menor parte, na Europa, Blume é há muito um quadro do grupo e um homem de confiança das famílias Porsche e Piech, que controlam a maioria dos votos na administração do Grupo VW. Como aliás o provam as suspeitas e investigações que caíram sobre ele durante o Dieselgate, a cabo das autoridades germânicas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O reforço da aposta do conglomerado alemão nos automóveis eléctricos significa que a administração acredita cada vez mais na rentabilidade desta tecnologia, uma vez que simultaneamente reitera a confiança na possibilidade de, até 2025, os alemães ultrapassarem os norte-americanos da Tesla na liderança mundial das vendas deste tipo de veículos. A confiança nesta estratégia é confirmada pelo facto de o grupo, que até aqui viveu apenas com uma plataforma de grande produção, a MEB (utilizada em modelos como o ID. 3, Audi Q4 e-tron, Skoda Enyaq iV e Cupra Born), se preparar para lançar mais duas novas plataformas, a Premium Platform Electric (PPE) e a Scalable Systems Platform (SSP), que vão servir Audi, Bentley, Lamborghini e Porsche.

A Porsche, que o Grupo Volkswagen vai alienar parcialmente em bolsa até ao final de Outubro para reunir os meios de que necessita para investir nos modelos eléctricos, tem o seu futuro a depender igualmente do lançamento em bolsa, onde se espera que atinja um valor entre 60 mil e 80 mil milhões de euros, muito longe dos 850 mil milhões de capitalização bolsista da Tesla.

Para maximizar o valor da Porsche na altura do IPO em bolsa, a marca prepara o mercado com um reforço da oferta de veículos eléctricos por, aparentemente, acreditar que isso irá elevar o interesse dos potenciais investidores. Ao actual Taycan, a berlina familiar desportiva que a Porsche disponibiliza, juntamente com a versão crossover, o Taycan Cross Turismo, o fabricante alemão vai juntar ainda este ano o novo Macan eléctrico. Em 2025, será a vez de introduzir o Cayenne a bateria e, até 2027, um novo Taycan já concebido sobre a plataforma SSP, e bem como o Panamera exclusivamente a bateria, que crescerá em dimensão, para não concorrer directamente com o seu “irmão” mais pequeno Taycan.

O Macan e o Cayenne recorrerão à plataforma PPE, ao contrário do futuro Taycan e do Panamera, que utilizarão a SSP, com a Porsche a prever igualmente os 718 Cayman e 718 Boxster eléctricos. Estes serão lançados entre 2024 e 2026. Entretanto, o 911 continuará a ser fabricado, mas em versão electrificada, com o motor de combustão associado ao motor eléctrico de uma versão híbrida.