O PCP requereu esta sexta-feira a audição na Assembleia da República do ministro das Infraestruturas e das organizações representativas dos trabalhadores da TAP, na sequência de notícias sobre a privatização de parte da companhia aérea.
De acordo com um requerimento, “num momento em que se multiplicam as notícias de que o Governo — depois de capitalizar a empresa — se prepara para acelerar a privatização da TAP, e face à gravidade de tal objetivo”, o PCP requer a presença de Pedro Nuno Santos na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, assim como os órgãos representativos dos trabalhadores da companhia aérea portuguesa, nomeadamente a comissão de trabalhadores e sindicatos.
A bancada liderada por Paula Santos salienta que a ideia de que a TAP “só sobrevive se for privatizada” é “uma tese antiga”.
A realidade é que cada processo de privatização se revelou um desastre, com os prejuízos a serem sempre suportados pelo Estado”, completa o partido.
Na ótica do PCP, a ideia de privatização da companhia aérea não é mais do que “cegueira ideológica dos defensores do neoliberalismo”.
O partido refere o “desastroso processo de criação em Portugal de uma empresa privada de aviação — a Portugália — que a TAP acabou por comprar, por ordens do poder político, para poupar dinheiro ao seu dono”, o Banco Espírito Santo (BES).
“Recordemos a privatização da TAP à SwissAir, que não se concretizou por, entretanto, a SwissAir ter falido, mas custou à TAP centenas de milhões de euros […], a venda da TAP à entretanto falida Avianca, abortada, a horas de ser concretizada, pela absoluta falta de garantias do comprador […], venda da TAP a David Neelman, que a foi pilhando em benefício da sua Azul até ter fugido da companhia quando foi necessário fazer algo mais que sacar vantagens”, argumenta o PCP.
Os comunistas acrescentam que no período da “maior crise de sempre” que se abateu sobre o setor da aviação a TAP “estava privatizada e os seus novos donos de imediato se recusaram a capitalizá-la, exigindo ao Estado que este o fizesse sem a sua participação”.
De acordo com a edição desta sexta-feira do semanário Expresso, o Governo quer avançar ainda este ano com a privatização de pelo menos 50% da TAP e poder concluir o negócio no início do próximo ano.
O mesmo jornal refere também, sem identificar fontes, que no executivo liderado por António Costa há quem admita a hipótese de venda da quase totalidade da companhia aérea. De acordo com o Expresso, têm decorrido nos últimos meses conversas entre o Governo, os assessores financeiros e as companhias aéreas candidatas e são favoritos à compra da TAP a Lufthansa e o grupo Air France-KLM.