Na estratégia de trocar os motores de combustão pelos eléctricos, os camiões têm uma vida mais difícil. O peso elevado destes veículos, associado à necessidade de transportar cargas mais que generosas, obriga a grandes consumos, o que se traduz por baterias de capacidades gigantescas, que depois precisam de conseguir recarregar com potências brutais sem se deteriorar. É por isso que os camiões e autocarros seguem um pouco atrás dos automóveis na adopção da mobilidade eléctrica.
Daí a estranheza quando a Scania anunciou que, a partir de 2040, não produzirá mais motores turbodiesel para os seus camiões, passando a confiar exclusivamente em motorizações eléctricas. É certo que a marca do Grupo Volkswagen não se refere a camiões eléctricos “a bateria”, pelo que podem igualmente ser eléctricos “a fuel cell“, tecnologia que apressa o tempo de recarga e torna a operação muito mais simples e célere. Desde que exista uma rede de abastecimento de postos de hidrogénio, o que ainda não acontece em muitos países, incluindo Portugal.
Ainda faltam muitos anos até 2040, nada menos do que 18, o que pode significar que a Scania pode estar a trabalhar em dois tabuleiros em simultâneo. Por um lado, apostando no contínuo desenvolvimento das baterias, tornando-as mais baratas e mais rápidas de recarregar e, por outro, não deixando de colocar algumas fichas nas células de combustível a hidrogénio, como forma de produzir a bordo a energia de que necessita para alimentar os motores. Isto apesar de o Grupo VW nunca ter admitido que as fuel cell são uma solução a apostar.
A Traton, a entidade que controla a Scania, a MAN e os veículos comerciais dentro do Grupo VW, já anunciou que tem como objectivo produzir exclusivamente veículos eléctricos a bateria em 2030, ou seja, 10 anos antes da meta estabelecida pela Scania. Mas numa fase em que ainda faltam postos de carga ultra-rápidos para os automóveis ligeiros, a falta de megachargers para camiões é ainda mais gritante. E esta é uma realidade que não vai ser fácil de ultrapassar.
Com o intuito de viabilizar os camiões e autocarros eléctricos a bateria, a Traton associou-se à Daimler Trucks e à Volvo Trucks para criar uma rede de postos de carga com potência suficiente para veículos pesados. O projecto prevê que sejam instalados cerca de 1700 postos de carga, o mínimo para que os veículos pesados a bateria possam circular nos principais eixos rodoviários europeus, apesar das necessidades apontaram para 30.000 a 40.000 mega carregadores.