Oleksandr Syrskyi encheu o peito de ar e, sustentando o peso do uniforme, pausou o seu discurso e soltou um suspiro. “Hoje… completamos oficialmente a operação de limpeza desta cidade”, disse em Balakliia o coronel-general das forças armadas terrestres, que está a liderar a contraofensiva ucraniana que está a afirmar-se como um possível ponto de viragem na guerra. Apesar de aquele suspiro transmitir cansaço, revelando a dureza da missão, Syrskyi assegurou: “Esta não será a última cidade que libertamos“. E não foi.

As imagens foram captadas no final da semana em Balakliia, a primeira grande cidade a ser recuperada aos russos. Já este sábado, seguiram-se mais duas: Izium e Kupiansk, cidades de onde os russos se retiraram, praticamente sem resistência, alegando que se trata de um “reagrupar” de forças – pese embora estas sejam cidades por cuja tomada a Rússia tinha sacrificado longos dias e recursos de combate (militares e equipamento).

O coronel-general que recebeu a missão de ser o “maestro” da operação, no terreno, tem 57 anos e está nas forças armadas ucranianas desde 1990 (é comandante das forças armadas terrestres desde 2019).

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Antes da guerra no Donbass (2014), liderava a a 72ª Brigada Mecanizada da Ucrânia e foi promovido a major-general – lugar que o envolveu diretamente nos processos de cooperação com a NATO. A partir de novembro de 2013 foi Syrskyi quem negociou diretamente com a NATO, em nome do Ministério da Defesa ucraniano, um conjunto de mudanças que foram feitas no exército, de acordo com os padrões da organização transatlântica.

Alguns anos depois, em 2015, Syrskyi já tinha sido nomeado responsável máximo das operações antiterroristas na Ucrânia e foi no início desse ano que esteve no centro das operações na Batalha de Debaltseve (Donetsk), um confronto entre forças separatistas russas e as forças armadas ucranianas, na chamada Guerra do Donbass.

Aí, liderou os combates em Vuhlehirsk e em Ridkodub. Apesar de não ter tido sucesso na recuperação de Logninov, controlada pelos separatistas, Syrskyi teve um papel decisivo na batalha porque foi sob a sua liderança que foram cortadas possíveis vias de acesso através do rio Karapulka.

Graças a esse papel na Batalha de Debaltseve, foi agraciado com a honra da Ordem de Bohdan Khmelnytsky III. E foi, depois disso, promovido a Tenente-General e continuou a ascender na hierarquia militar até se tornar o comandante da infantaria ucraniana. Está, agora, incumbido, agora, da missão de liderar a contraofensiva que poderá ditar a próxima fase da invasão da Ucrânia.