Um grupo de cidadãos contestou esta segunda-feira o “abate bárbaro de plátanos” na cidade de Coimbra, mas que o presidente da Câmara diz ser necessário para a instalação de um meio de transporte coletivo elétrico: o metrobus.
“Câmara Municipal, crime ambiental”, gritaram duas a três dezenas de cidadãos, que se concentraram à entrada da Câmara Municipal de Coimbra, depois de terem aguardado que a reunião do executivo terminasse e o presidente abandonasse o edifício.
À entrada do edifício foram ainda colocados, no chão, alguns ramos de árvores, vincando o descontentamento pelo abate de cinco arvores, que ocorreu durante o dia de hoje na avenida Emídio Navarro, na cidade de Coimbra.
O ato de hoje é um abate bárbaro de plátanos. Não se cortaram só árvores, cortaram-se pontes com os movimentos de cidadãos e com a opinião publica em geral”, sublinhou o coordenador do movimento Cidadãos Por Coimbra (CpC), Jorge Gouveia Monteiro.
No seu entender, este ato “deixou a cidade de Coimbra chocada”.
“As pessoas estão tristes com o que se passou hoje e não compreendem como é que, num sítio onde antes passava um comboio grande, não pode passar o metro, sem abater árvores centenárias“, referiu.
Também Miguel Dias, da ClimAção Centro lamentou que Coimbra tenha “um traçado de metro verdadeiramente despido de árvores”.
“É o maior atentado ambiental à cidade neste século, que começou com o abate de 20 árvores na Praça 25 de Abril, quando só tinham necessidade de abater quatro árvores”, sustentou.
O ativista acusou ainda o presidente da Câmara Municipal de Coimbra de se recusar a dialogar.
“Ao contrário da postura dialogante com que se fez eleger, neste momento é um autarca que reina em circuito fechado e não ouve ninguém”, disse.
Já a professora da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, Margarida Pedroso Lima, justificou a sua presença na concentração à entrada do edifício da Câmara Municipal de Coimbra com a necessidade de defender “o direito a um património da cidade, como são as árvores”.
“Dizem que vão substituir por milhares de árvores, mas comparar uma árvore pequena a uma árvore centenária é incomparável em termos de bem-estar e também de memória“, alegou.
No final da reunião do executivo, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, assegurou aos jornalistas que se pudessem, não cortariam árvore nenhuma.
“Mas, o progresso tem destas coisas e, para instalarmos um meio de transporte coletivo elétrico, amigo do ambiente, é necessário, num ambiente urbano consolidado, proceder a algumas modificações. Não podemos deitar edifícios abaixo, somos obrigados, contra a nossa vontade, a cortar algumas árvores”, justificou.
O autarca evidenciou ainda que por cada árvore cortada, serão plantadas três.
“No imediato é impossível substituir uma árvore de 80 anos, mas das cinco que vamos cortar, duas com 80 anos e três com cerca de 20 anos, bem como outras que vamos cortar na cidade, vamos triplicar a plantação”, informou.
José Manuel Silva destacou ainda que as recomendações internacionais não são contra o corte de árvores, apontando o dever de “mitigar o seu impacto, duplicando o número de árvores”.
“Nós estamos a triplicar e, além disso, dessa triplicação por via do ‘metrobus’, vamos plantar ainda este ano 1.400 árvores no concelho de Coimbra, tornando-o cada vez mais verde. Daqui a 50 anos teremos uma avenida [Emídio] Navarro que será elogiada por todos, porque teremos dois caminhos de sombra ao longo dos dois passeios que fazem a bordadura da Avenida [Emídio] Navarro”, concluiu.