Desde 2014, a Rússia gastou mais de 300 milhões de dólares para tentar influenciar a seu favor políticos e outros indivíduos poderosos em dezenas de países, de acordo com informações tornadas públicas esta terça-feira pelo Departamento de Estado dos EUA e citadas pela Associated Press.

No documento que as autoridades americanas tornaram público não surgem os nomes concretos dos países onde Moscovo tentou influenciar decisores políticos e agentes económicos no sentido de apoiarem as posições russas no plano geopolítico global — especialmente no que toca ao conflito com a Ucrânia, desde a anexação da Crimeia em 2014. Contudo, o governo norte-americano está a enviar informação confidencial aos países em questão.

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De acordo com a AP, os esforços de influência além-fronteiras de Moscovo não se comparam aos de outros governos, que assumem abertamente os seus trabalhos de lobbying junto de instituições internacionais e de outros países. Pelo contrário, a Rússia promove frequentemente o financiamento de causas, instituições ou empresas associadas a políticos-chave através de organizações de fachada — como think-tanks ou empresas estatais —, com o objetivo de assegurar o seu apoio, seja ele formal (nas instituições) ou informal (na disseminação de uma narrativa favorável à Rússia).

Os principais alvos encontram-se na América Central, na Ásia, no Médio Oriente e no Norte de África. Há também registos de influência em eleições na Albânia, Bósnia e Montengro — além do célebre caso de influência nas eleições norte-americanas de 2016, que Donald Trump venceu.

De acordo com um responsável do Departamento de Estado que falou anonimamente à AP e a outros meios norte-americanos, está em causa uma “tentativa de manipular as democracias a partir de dentro”.

Ainda segundo a mesma agência, a decisão tomada pelo Departamento de Estado dos EUA de revelar um documento diplomático — classificado como “sensível”, mas não como “confidencial” — é pouco habitual, mas enquadra-se nos esforços recentes do Presidente Joe Biden de revelar informação sobre a atuação da Rússia no plano global, no contexto da guerra na Ucrânia.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, classificou a atuação da Rússia como um “ataque à soberania”.