O Estado português teve este quarta-feira de aceitar pagar aos investidores uma taxa de 2,75% para se financiar a 10 anos, o custo mais elevado desde setembro de 2017 em leilões com este prazo. O custo compara com os cerca de 1% que o Estado pagava no início de fevereiro, antes do início da guerra na Ucrânia mas numa altura em que os juros dos países já estavam a subir devido à perspetiva de aperto monetário mais rápido por parte dos bancos centrais.

Num duplo leilão de obrigações do Tesouro, o IGCP – agora liderado por Miguel Martín, que substituiu Cristina Casalinho – emitiu 780 milhões de euros em dívida a 10 anos, com uma rendibilidade implícita para os investidores de 2,754% – o que compara com 1,69% que se pagaram a 6 de abril na emissão sindicada que serviu para inaugurar esta mesma linha de obrigações do Tesouro com vencimento em 2032. Em junho, num leilão com este prazo, o custo tinha sido de 2,33%.

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Foram, também, colocados 470 milhões de euros em dívida a quatro anos, a reembolsar em 2026, com uma taxa implícita de 1,777%.

“A inflação tem continuado a surpreender em alta, o que fez com que os bancos centrais iniciassem um movimento de subida de taxas mais agressivo. Este efeito tem levado a um rápido ajuste nas yields de todas as maturidades das dívidas soberanas”, comenta Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, em nota partilhada com os jornais.

O especialista acrescenta que “os bancos centrais vão estar a tomar decisões reunião a reunião e com base nos dados que forem sendo divulgados”, pelo que “é certo que iremos continuar a ter volatilidade, pelo menos até à rubrica da inflação estabilizar”.

Para os emitentes e, neste caso, Portugal, isto significa que “iremos ter custos de refinanciamento mais elevados”.