O chefe de Estado timorense anunciou esta quinta-feira que vai deslocar-se a Portugal em novembro, a convite de Marcelo Rebelo de Sousa, onde participará na WebSummit, dando conta ao parlamento de várias visitas ao estrangeiro previstas nos próximos meses.
Depois de visitas à Indonésia e a Austrália, respetivamente em julho e na semana passada, José Ramos-Horta disse esta quinta-feira aos deputados que vai partir em breve para Nova Iorque, onde irá intervir, no dia 23, na Assembleia Geral da ONU.
Falarei também numa sessão especial da Comissão de Construção da Paz a 26 de Setembro. Espero estar de volta a Timor-Leste no dia 28″, disse.
Quase de imediato vai visitar o Camboja, a convite do Rei — o país detém atualmente a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) — notando que o “amigo de confiança, o primeiro-ministro Hun Sen” “tem sido um defensor ativo da adesão de Timor-Leste à importante organização regional”.
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A visita a Phnom Penh “será uma oportunidade para explorar oportunidades de comércio e investimento, particularmente no setor agrícola”, disse no discurso que proferiu hoje no parlamento na abertura da 5.ª e última sessão legislativa desta legislatura.
Logo após a visita ao Camboja, irei efetuar uma visita de Estado a Portugal, a convite do nosso estimado amigo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Participarei também como orador principal na prestigiada WebSummit em Lisboa”, notou.
Ramos-Horta dedicou parte do seu discurso às relações internacionais e à diplomacia, defendendo que os cargos de ministro do Negócios Estrangeiros e de diplomatas timorenses exigem “conhecimentos profundos, inteligência, estratégia e experiência”.
A diplomacia, assim como a defesa e segurança, não pode ser entregue a curiosos e amadores, não pode ser partidarizada, e não pode ser matéria de barganha partidária”, afirmou, tecendo críticas ao funcionamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“É fundamental” que o ministério tenha um governante “com elevada experiência, que seja academicamente qualificado, poliglota, conhecedor profundo de política internacional e do mundo em geral”. Será “um ministro que privilegia os diplomatas de carreira e não faz do ministério uma sucursal do seu partido político”, afirmou.
O chefe de Estado disse, neste âmbito, que já iniciou um “processo de avaliação de todas as embaixadas e embaixadores”, analisando “currículos académicos e profissionais, anos de prestação de serviços, domínio escrito e falado das línguas oficiais e o domínio de, pelo menos, uma língua de diplomacia e comércio internacional, o inglês”.
Ainda no capítulo internacional, Ramos-Horta disse que em dezembro tem prevista uma visita oficial a Singapura, destacando que o país “tem sido um amigo e parceiro constante” de Timor-Leste e onde tenciona “explorar mais investimentos” do país.
Através do comércio e do investimento estamos a expandir e a aprofundar a nossa integração económica regional. Por necessidade, por imposição geográfica e escolha estratégica, continuamos a explorar todas as vias da integração económica regional. No início de 2023, Timor-Leste fará a sua adesão à OMC, outra extensão natural da integração económica regional e global do nosso país”, recordou.
As adesões à ASEAN — que também espera que se concretize em 2023 — e à OMC “são impulsionadas pelos próprios interesses económicos de Timor-Leste, tais como o processo de reforma económica interna para assegurar um ambiente saudável para os investimentos externos e o investimento nacional, a diversificação da nossa economia”.
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No caso da ASEAN, recordou que já foram concluídas revisões exaustivas da preparação para a adesão – cobrindo os seus três pilares de segurança política, sóciocultural e económico.
Os seus relatórios apoiam os nossos próprios pontos de vista e os das Agências das Nações Unidas, das instituições Breton Woods, bem como do BAD e das missões estrangeiras sediadas em Díli, onde Timor-Leste deu passos significativos desde a nossa independência e onde devemos ser bem-vindos a esta organização regional como o seu 11.º membro”, referiu.
“Vivemos num mundo interligado, onde o princípio de não deixar ninguém para trás deve ser defendido em todos os processos de desenvolvimento. Tal como a paz e a prosperidade dos nossos vizinhos nos beneficiam todos, os conflitos com origem num determinado país pode ter impacto em outros”, afirmou.