Afinal há pontos de acordo entre os socialistas e os Novos Tempos em Lisboa. Na reunião de câmara, desta quarta-feira, os vereadores do PS aprovaram o aumento da verba destinada à Web Summit para a edição deste ano: serão mais dois milhões do que o inicialmente previsto. Todos os restantes vereadores na autarquia de Lisboa votaram contra o reforço.

Ao que o Observador apurou, o executivo justificou na reunião a necessidade de aumentar verba com a “inflação”. A verba prevista era de quatro milhões de euros, mas com a nova proposta o valor passa para os seis milhões.

Na reunião, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, lembrou que se trata de um “contrato por dez anos” que “tem de ser respeitado”.

A verba para o evento é canalizada a partir do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, mas a oposição — à exceção do PS — não vê com bons olhos o reforço e aponta outras áreas críticas na gestão da cidade para onde os valores podiam ser canalizados.

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O Livre, por exemplo, lembrou a questão do lixo na cidade. “Estes investimentos permitiriam ajudar a resolver a crise de higiene urbana que estamos a atravessar, melhorar a qualidade de vida para residentes e turistas, melhorar muito a imagem que a cidade deixa na memória de quem nos visita e pacificar a relação entre lisboetas e operadores turísticos”, afirmou o vereador Carlos Teixeira, na intervenção na reunião.

Também o Bloco de Esquerda vê outras hipóteses de canalização do montante agora investido no evento tecnológico, nomeadamente na área da habitação. Ao Observador, a vereadora do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes dias, notou que este aumento é de “40%” e que “com o mesmo valor, seria possível reabilitar 275 fogos de habitação municipal, construir 30 fogos de renda acessível ou ajudar as famílias e empresas que sofrem com o enorme aumento do custo de vida.”

“Os impactos da inflação caem sobre a Câmara, mas os lucros vão para Paddy Cosgrave”, diz a vereadora bloquista.

A veradora do PCP, Ana Jara lembra que o partido “sempre foi muito crítico” do acordo com a Web Summit e que, agora, “os resultados duvidosos” do evento tecnológico e o “avolumar de custos” vêm “dar razão às preocupações” antes levantadas.

“Há uma certa passividade da parte da Câmara na relação que estabelece com este privado, os acordos também se podem negociar especialmente dadas as condições do país, que mudaram”, nota a vereadora comunista frisando que “o cumprimento do acordo é lesivo e representa um custo agravado para a Câmara”.

O evento tecnológico volta a ter palco em Lisboa, entre os dias 1 e 4 de novembro. A capital portuguesa mantém-se como sede para a realização da Web Summit na Europa, poucos meses antes da realização da primeira Web Summit no Brasil, que ocorrerá em maio de 2023.

Web Summit avança para o Rio de Janeiro em 2023. Lisboa mantém evento na Europa