O ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga disse esta quinta-feira que é necessário “aplicar melhor” o dinheiro vindo de Bruxelas, defendendo que os fundos estruturais devem ser orientados para melhorar a produtividade geral do país.

“Nos últimos 25 anos progredimos, mas relativamente aos outros [países] pedalámos pouco”, disse Catroga, durante uma mesa-redonda sobre “Os Fundos Comunitários Ainda São Sinónimo de Sucesso para as Empresas?”, que decorreu esta quinta-feira em Aveiro, promovida pelo Evento Corporativo da HM Consultores, em celebração do seu 35.º aniversário empresarial.

Para o economista e gestor é preciso fazer uma reflexão sobre como é que se devem aplicar os fundos estruturais de forma mais adequada.

Depois da aposta nos últimos anos em infraestruturas físicas e sociais de apoio ao desenvolvimento, o antigo ministro de Cavaco Silva considera que agora é preciso “orientar maiores fundos para o apoio à competitividade e produtividade do país”.

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“Temos uma nova oportunidade de ouro, mas não basta colocar dinheiro em cima dos problemas”, sublinhou Catroga, defendendo que é preciso uma “visão estratégica orientada para o reforço do tecido produtivo nacional, para a criação de valor acrescentado nacional e para a criação de emprego mais qualificado”.

Presente na mesma sessão, o ex-ministro da Administração Interna Ângelo Correia disse que o grande problema do país é o sistema produtivo de bens e serviços.

Se o país não tem um sistema produtivo de bens e serviços capaz de gerar recursos que alimentem o Estado, temos uma situação de desequilíbrio”, disse Ângelo Correia, defendendo que o grande desígnio do país tem de englobar o repensar o tecido produtivo de bens e serviços.

O antigo ministro e deputado do PSD alertou ainda para a necessidade de resolver algumas questões essenciais na economia portuguesa, como a dimensão, capitalização e sustentabilidade das empresas.

No mesmo sentido, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, referiu que Portugal ainda continua a ser “muito pouco capitalizado”, defendendo que o país devia voltar a capitalizar-se, através de “um aumento muito significativo” de produtividade.

Nuno Gonçalves, administrador da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), disse, na mesma ocasião, que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vai dar “uma oportunidade sem paralelo” na temática da capitalização das empresas, anunciando que, finalmente, o Banco Português de Fomento viu o seu capital social dobrado.

“O IAPMEI, há poucos dias atrás, fez uma injeção de mais 250 milhões de euros no capital o que vai dobrar o capital social do banco”, afirmou o responsável, adiantando que o IAPMEI irá constituir um fundo de capitalização que terá o valor de 1.300 milhões de euros.

Notícia atualizada dia 27 de setembro às 7h20