A Casa Branca criticou esta sexta-feira as posições climáticas do presidente do Banco Mundial (BM), David Malpass, que recusou reconhecer o papel dos combustíveis fósseis no aquecimento global.

Não concordamos com as declarações do presidente [do Banco Mundial, David] Malpass. Esperamos que o Banco Mundial seja um motor internacional em matérias de ambição climática”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Malpass tem estado debaixo de ‘fogo’ durante esta semana, acusado de ser “cético” em relação às alterações climáticas, após o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, ter afirmado que o presidente do BM era “cético em relação ao clima” por não ter reforçado o financiamento de projetos climáticos em países em desenvolvimento.

Convidado, na terça-feira, a falar sobre essas acusações, durante uma mesa-redonda organizada pelo New York Times, o presidente do BM recusou por três vezes dizer se reconhecia o papel dos combustíveis fósseis no aquecimento global.

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“Não sou cientista”, acabou por dizer, pressionado pelo público, preferindo destacar o “enorme esforço” do BM para ajudar a financiar o combate ao aquecimento global.

As respostas de Malpass causaram a indignação de várias organizações não-governamentais especializadas no meio ambiente, que pediram a sua saída, mas a porta-voz da Casa Branca lembrou que isso “exige o acordo da maioria dos acionistas”.

“Não vou renunciar e nunca considerei essa possibilidade”, respondeu esta sexta-feira Malpass, questionado pelo site Politico, acrescentando que nenhum dos Estados membro da instituição financeira mundial pediu a sua demissão.

Ao mesmo órgão de comunicação, Malpass destacou que “os gases de efeito estufa de origem humana são a causa do aquecimento global”, uma declaração que já tinha feito, na véspera, à CNN, e disse ter-se “confundido” e não ser “sempre bom a responder a perguntas”, justificações que não acalmaram as críticas.

O perfil político de Malpass não é alheio à atenção que recebe em questões climáticas. Republicano e subsecretário do Tesouro, responsável pelas relações económicas internacionais de Donald Trump, foi nomeado em 2019 pelo ex-presidente dos EUA para chefiar o BM após a renúncia do seu compatriota, Jim Yong Kim.

De acordo com o modelo de nomeação predeterminado, os EUA escolhem o presidente do BM, enquanto a Europa decide sobre a gestão do Fundo Monetário Internacional (FMI).