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Um dos soldados britânicos que foram capturados pela Rússia no combate na frente ucraniana de Mariupol — e que na semana passada foi libertado — relatou as torturas a que foi submetido pelas forças militares inimigas nos últimos seis meses de cativeiro.
Shaun Pinner, de 48 anos, diz ter sido submetido a facadas e choques elétricos e que durante 24 horas era obrigado a ouvir música em repetição: Slipknot e ABBA. Ao jornal britânico The Sun conta que era espancado durante 20 minutos por dia e os choques elétricos a que era sujeito duravam 40 segundos: “Nunca mais quero ouvir uma música dos ABBA. Sempre os odiei e, por isso, foi mesmo uma tortura”.
Afirma que durante meses apenas comeu pão seco e bebeu água suja. Viveu momentos aterrorizantes enquanto era alvo de chacota por parte dos combatentes russos: “Um homem apontou-me uma pistola à nuca, carregou-a e disse ‘vais morrer agora’. Pensei que seria o meu fim, foi então que começou a rir e disse que estava a brincar… Depois começou a chicotear-me”, conta em entrevista.
Tornou-se uma carnificina quando os russos nos cercaram com bombas morteiro e artilharia. Estivemos rodeados de muitos corpos, parecia algo como um apocalipse zombie. Estive rodeado por separatistas russos, eles despiram-me e espetaram uma faca na minha coxa sem qualquer razão”.
Agora junto da família, admite ter temido o pior quando o seu opressor fazia ameaças de que iriam matá-lo e que a família iria assistir a tudo: “Um dos guardas disse que me ia matar e mandar o vídeo à minha mãe”. Em outra ocasião, foi-lhe retirada a aliança de casamento e admite que a esposa foi uma das pessoas que mais sofreu com toda a situação — logo a partir do momento em que foi capturado: “[Em abril] liguei à minha mulher e disse-lhe as minhas últimas palavras antes de morrer mas ela nem sequer chorou. Gritou-me que eu era um guerreiro e que iria sobreviver. De maneira muito cruel roubaram-me o anel de casamento, foi o meu pior dia”.
Pinner combatia com as tropas navais ucranianas em Mariupol quando foi capturado e mantido em cativeiro pelos russos. Julgado num tribunal em Donetsk, acabou por ser condenado à pena de morte. No final de junho recorreu da decisão e pediu para ser condenado a prisão perpétua. Acabou por ser libertado na passada quarta-feira juntamente com outros nove prisioneiros, fruto de um acordo entre a Rússia e a Ucrânia onde a Arábia Saudita foi mediadora.
Soldado britânico condenado à morte pede alteração da pena para prisão perpétua
Cada vez mais surgem relatos dos prisioneiros de guerra agora libertados pela Rússia. Aiden Aslin, de 28 anos — que combateu ao lado de Shaun — conta que passou pelos mesmos abusos mas que lhe foi feita a questão: “‘Queres uma morte rápida ou uma morte bonita?‘”.