Este artigo é da responsabilidade da PLMJ
Texto: João Tiago Morais Antunes, responsável da Comissão de Estágio e sócio de Resolução de Litígios da PLMJ
Muitas coisas mudaram e evoluíram na última década na advocacia. Se é verdade que um advogado extraordinário tem de dominar o Direito, é igualmente verdade que, hoje, esse domínio do Direito é um mínimo olímpico, sobretudo quando falamos ao nível dos maiores escritórios do país. Os clientes querem visão estratégica, foco em resultados, querem soluções e caminhos, não exercícios de retórica, oratória e eloquência.
O fator diferenciador, o que faz um advogado extraordinário, vem a montante do domínio profundo do Direito. Falo de uma mentalidade absolutamente focada no cliente, na resolução de problemas, criatividade e inovação. Falo da capacidade de realmente saber trabalhar em equipa e de desenvolver inteligência emocional como uma ferramenta de gestão de equipas e de autodesenvolvimento permanente. A capacidade de comunicação é fundamental e, quando falamos de um escritório que se posiciona na advocacia de negócios, é igualmente essencial conhecer o setor, o negócio, os objetivos dos nossos clientes. É preciso formar os advogados, desde a fase do estágio, para desenvolverem todas estas dimensões.
Há uma evolução positiva, mas ainda há um caminho a percorrer, porque os cursos ainda estão muito vocacionados para a formação técnica e, consequentemente, teórica do Direito. Mas também acreditamos que esta evolução não deve nem pode ser feita apenas pelas universidades, cabe também aos alunos procurarem experiências extracurriculares e outras formações ao longo do curso, tais como estágios de verão, participação em moot courts, outras atividades extracurriculares, ações de voluntariado, associativismo académico, passagens por outros países e culturas. Esse deve ser um objetivo e uma preocupação dos alunos porque é isto que lhes vai ser exigido no mercado de trabalho.
Mas há uma parte substancial da carreira de advogado que não mudou: é uma vida de constante atualização de conhecimentos e o sucesso assenta, em grande parte, numa atitude individual de proatividade e de autossuperação permanente e por esse motivo diria que faz todo o sentido que as faculdades incorporem nos seus programas componentes que permitam desenvolver, a par do estudo do Direito, estas vertentes que encontramos, por exemplo, em programas mais avançados de gestão.
Ouça aqui o episódio do Podcast da PLMJ sobre o tema.