A história entre Magnus Carlsen e Hans Niemann está longe de ter um fim à vista. Depois de desistências e de insinuações de que o jovem norte-americano terá feito batotas durante partidas de xadrez, o campeão mundial foi mais longe e escreveu um comunicado oficial sobre o tema, onde diz que Niemann fez “mais batota — e mais recentemente — do que admitiu”.

Magnus Carlsen considera que o progresso de Hans Niemann foi “pouco comum” e recorda a partida que mudou a relação. “Durante o nosso jogo em Sinquefield Cup tive a impressão de que [Niemann] não estava tenso e nem sequer estava totalmente concentrado no jogo, nas jogadas difíceis, enquanto me superava a jogar as peças pretas de uma maneira que, creio eu, apenas alguns jogadores conseguem fazer”, pode ler-se na nota que Magnus Carlsen publicou no Twitter. O jogo, garantiu o campeão do mundo, serviu para “mudar a perspetiva” que tinha até então.

O norueguês natural de Tønsberg tem 31 anos, é o líder do ranking mundial de xadrez desde julho de 2011 e recusa-se agora a jogar contra Hans Niemann, norte-americano de 19 anos, que atingiu o Grandmaster, título mais elevado que um jogador de xadrez pode atingir, em 2021. “Não estou disposto a jogar xadrez com Niemann”, assegurou.

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O melhor jogador do mundo de xadrez considera que “deve ser feito algo em relação à batota” e que não deve ser permitido que alguém que já incumpriu nas regras do jogo tenha espaço para continuar a fazê-lo: Não quero jogar com pessoas que fizeram batota repetidamente no passado porque não sabemos o que são capazes de fazer no futuro.”

Magnus Carlsen, o melhor jogador de xadrez de sempre, desistiu de uma partida após a primeira jogada. Mas porquê?

No seguimento das primeiras queixas de Magnus Carlsen, Hans Niemann assumiu que tinha feito batota em duas ocasiões, quando tinha 12 e 16 anos, através de um computador, mas que ao vivo nunca tinha utilizado qualquer método que o favorecesse. E foi mais longe para provar que não faz batota: “Se quiserem que jogue totalmente nu, eu faço-o.”

“Tenho orgulho no facto de ter aprendido com esse erro e atualmente dou tudo o que tenho ao xadrez. Sacrifiquei tudo pelo xadrez. Toda a comunidade das redes sociais, assim como todo o universo do xadrez, está a atacar-me e a inferiorizar-me. Ver o meu herói a tentar atacar-me, a tentar arruinar a minha reputação, a tentar arruinar a minha carreira e a fazê-lo de uma forma tão frívola é uma grande, grande desilusão”, disse Niemann em entrevista ao St. Louis Chess Club.

No início do mês de setembro, Magnus Carlsen cruzou-se pela primeira vez com Hans Niemann na Sinquefield Cup, em Saint Louis, e aconteceu o impensável: o norte-americano venceu o norueguês, o que levou Carlsen a desistir de um torneio pela primeira vez na carreira.

Na altura, Magnus Carlsen confirmou a desistência através do Twitter. “Desisti do torneio. Sempre gostei de jogar em Saint Louis e espero voltar no futuro”, escreveu, acrescentando à publicação um vídeo de José Mourinho nos tempos em que treinava o Chelsea, numa flash interview, a dizer “If I speak, I am in big trouble” — ou seja, “se falar, meto-me em problemas”.

Depois da Sinquefield Cup, durante um jogo online a contar para a Julius Baer Generation Cup e depois da primeira jogada contra Hans Niemann, Magnus Carlsen desligou o ecrã e abandonou a partida sem qualquer explicação.

O caso tomou proporções tais que até surgiram teorias menos ortodoxas. Nas redes sociais, começou a circular a possibilidade de Hans Niemann fazer batota através da utilização de um brinquedo sexual anal com ligação wireless que recebe informação de uma terceira pessoa que está a assistir à partida e envia indicações transmitidas através de certas vibrações.

Certo é que, na sequência dos rumores, o norte-americano acabou por ser removido do popular site Chess.com, que defendeu a decisão em comunicado. “Já partilhámos com ele provas detalhadas sobre a nossa decisão, incluindo informação que contradiz as suas declarações sobre a extensão e a gravidade da batota. Convidámos o Hans para apresentar explicações e para dar uma resposta na esperança de encontrar uma solução que lhe permita participar novamente no Chess.com.”