Sarasadat Jademalsharieh, com apenas 25 anos, revelou-se um prodígio do xadrez mundial desde 2012. A jogadora iraniana preparou o xeque-mate ao seu regime e ousou competir sem o véu islâmico no campeonato do mundo que decorre no Cazaquistão, como demonstração de apoio aos protestos dos últimos meses no Irão. Para escapar às represálias do governo, a jovem começou a preparar a sua mudança para Espanha.

De acordo com o El País, Jademalsharieh já tinha movido peças perigosas quando apoiou publicamente a decisão de Alireza Firouzja, jogador iraniano que é atualmente o quarto melhor do mundo, de abandonar a federação de xadrez do Irão, em 2019. Este acabou por fugir para França, devido à política do país de proibir os seus jogadores de competir com jogadores israelitas, fazendo com que perdessem as partidas por falta de comparência. Nas redes sociais, a jovem avisou também que protestos como estes se tornarão frequentes caso as regras não mudem.

Jademalsharieh, que é casada com o realizador Ardeshir Ahmadi, de quem tem um filho, sabe que a sua família pode correr riscos se voltar a pisar em território iraniano. Por esse motivo, irá mudar-se para uma cidade espanhola (cujo nome não é conhecido por razões de segurança) e, de acordo com o mesmo jornal espanhol, “é provável que nunca mais volte“.

A família da jogadora de xadrez é proprietária de um apartamento em Espanha, mas ainda não se sabem pormenores do processo de autorização de residência ou se esta tenciona pedir exílio político.

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O xadrez chegou a ser proibido no Irão, pelo Imã Khomeini, a partir de 1979. Este descrevia o famoso jogo de estratégia como “um jogo diabólico que perturbava as mentes de quem jogava“. A mesma fonte adianta que alguns intelectuais da época acabaram por convencê-lo a autorizar este desafio por se tratar de “um jogo de guerra“. A sua proibição foi levantada pouco tempo antes da morte de Khomeini, em 1989. Hoje, o Irão é uma potência do Xadrez.

Posições de revolta contra o regime iraniano como a de Jademalshariehtiveram foram despertadas pela morte de Masha Amini, uma jovem de 22 anos, que foi detida e acabou por morrer às mãos da polícia, por supostamente usar incorretamente o véu islâmico. Desde essa data, 16 de setembro, que as ruas do Irão se tornaram cada vez mais perigosas com os crescentes protestos. Mais de 400 pessoas já morreram e pelo menos duas mil foram detidas e acusadas de crimes por participarem nas manifestações.

União Europeia sanciona 11 responsáveis e 4 entidades iranianas após morte de Mahsa Amini