O livro “Crónicas italianas”, de António Mega Ferreira, editado em outubro do ano passado pela Sextante, venceu o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, anunciou esta quinta-feira a Associação Portuguesa de Escritores (APE).
De acordo com o júri do prémio, coordenado por José Manuel Mendes, esta é “uma obra de grande qualidade literária, na qual a viagem se associa à grande literatura, à arte e à cultura e onde o clássico ‘Grand Tour’ cede lugar à descoberta das narrativas ocultas nas cidades de Itália e ao diálogo que com elas estabeleceram turistas apaixonados e grande autores da cultura europeia, como Stendhal, Rilke, Proust e Freud”.
“Viajar ganha, assim, uma rica dimensão de procura da vida, da História e da valorização do património cultural para além da imediata apreensão do que se vê e sente. Pode dizer-se que se trata de um precioso vade-mécum capaz de enriquecer a viagem e o viajante”.
O júri, constituído ainda pelos professores, investigadores e ensaístas Annabela Rita, Guilherme d’Oliveira Martins e Isabel Cristina Mateus, atribuiu o prémio a “Crónicas italianas” por unanimidade.
Nesta 5.ª edição da Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores com o patrocínio da Câmara Municipal de Braga, concorreram obras publicadas no ano de 2021.
O valor monetário deste Grande Prémio é, para o autor distinguido, de 12.500 euros.
“Crónicas italianas” insere-se numa velha tradição da narrativa literária, “a viagem a Itália”, que teve cultores desde a Idade Média e representava para os escritores uma viagem iniciática indispensável para o contacto com as artes clássicas e seu conhecimento.
Nomes muito importantes a praticaram, desde Motaigne a Goethe, passando por Rilke, Cervantes, Proust e Stendhal, entre outros.
Esta obra encerra o tríptico que integra os seus anteriores títulos “Roma, exercícios de reconhecimento” e “Itália, práticas de viagem”.
“Nestas ‘Crónicas Italianas’, o leitor é levado nas asas de narrativas verdadeiras ou míticas, para descobrir e observar por dentro a história das cidades, dos seus criadores e das grandes obras das artes plásticas, da arquitetura, da literatura e da música”, descreve a sinopse do livro.
António Mega Ferreira, escritor, gestor e jornalista, nasceu em Lisboa em 1949, estudou Direito e Comunicação Social, foi jornalista no Jornal Novo, no Expresso, em O Jornal e na RTP, onde chefiou a redação da Informação do segundo canal, foi chefe de redação do JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias, e fundou as revistas Ler e Oceanos.
Chefiou a candidatura de Lisboa à Expo’98, de que foi comissário executivo. Foi presidente da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e da Atlântico, Pavilhão Multiusos de Lisboa.
Entre 2006 e 2012, presidiu à Fundação Centro Cultural de Belém e, de 2013 a 2019, desempenhou as funções de diretor executivo da AMEC/Metropolitana.
Tem cerca de 40 obras publicadas, entre ficção, ensaio, poesia e crónicas.
No ano passado, o vencedor deste prémio foi Rui Miguel Tovar, com o livro “Viagens sem Bola”