(em atualização)

Depois de um Grande Prémio do Japão onde alcançou o segundo melhor resultado da temporada, Miguel Oliveira entrava para o Grande Prémio da Tailândia em clara contagem decrescente. Era uma das últimas quatro corridas da época, uma das últimas quatro corridas com a KTM e uma das últimas quatro corridas antes de saltar para a Aprilia — e uma das últimas quatro corridas que tinha para provar à equipa que vai deixar o porquê de merecer uma verdadeira aposta.

Na qualificação, o piloto português falhou a entrada direta na Q2 mas resgatou essa presença através da passagem na Q1, realizando uma volta canhão mesmo no fim da sessão para fazer os primeiros três setores mais rápido do que Marc Márquez e alcançar o apuramento em conjunto com o espanhol. Na Q2, e num dia em que Marco Bezzecchi carimbou a primeira pole-position no MotoGP à frente de Jorge Martín e Pecco Bagnaia, Miguel Oliveira não conseguiu melhor do que o 11.º tempo e era desse lugar que saía este domingo no Circuito Internacional Chang, em Buriram.

Passou pela Q1, voou para a Q2, aterrou na quarta linha: Miguel Oliveira sai de 11.º no Grande Prémio da Tailândia

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“Sabia que poderíamos passar à Q2 mas exigiu muito esforço. Mas sinto que demos um passo em frente com a mota esta tarde. Progredimos bem e fui bastante rápido. Sabemos que é sempre difícil ir à Q2 e fazer uma boa performance, optámos por guardar energia. Estou contente por ter sido competitivo na Q2, o que é sempre difícil. A corrida vai ser dura para todos, bastante longa, mas acredito que teremos uma boa hipótese de chegar mais acima. Um bom arranque e uma boa primeira volta serão essenciais para o resultado da corrida”, disse o piloto natural de Almada na antecâmara da corrida.

Uma corrida que, devido às condições climatéricas, começou bastante atrasada. O circuito tailandês de Buriram foi apanhado pelas ondas de choque de um tufão que está a atravessar aquela região e, previamente, a corrida de Moto2 teve mesmo de ser interrompida e terminada sem que estivessem completadas todas as voltas devido à intensidade da chuva. Com a pista totalmente alagada, com enormes lençóis de água em vários pontos, o arranque da prova de MotoGP foi consecutivamente atrasado. Por fim, o início da corrida foi agendado para as 9h55 de Portugal, 55 minutos depois do inicialmente marcado, com 25 voltas — menos uma do originalmente estipulado.

No arranque, Marco Bezzecchi segurou a dianteira, à frente de Pecco Bagnaia, e viu Jorge Martín ser ultrapassada por Jack Miller e Fabio Quartararo cair a pique na classificação para ir para à 16.ª posição. Miguel Oliveira começou muito bem, subiu ao 7.º lugar logo nas primeiras curvas e fez o melhor tempo na segunda e na terceira voltas, superando Bastianini, Marini e Martín para chegar a quarto. Lá à frente, Bezzecchi era penalizado devido a uma falsa partida e tinha de ceder a liderança a Jack Miller.

O piloto português era claramente o mais rápido em pista, comprovando novamente que tem um talento especial para correr em pista molhada, e ultrapassou Bagnaia e Bezzecchi quase de uma assentada para saltar para o segundo lugar e iniciar a perseguição a Miller. Pelo meio, um alerta: Luca Marini caiu numa curva sem ter cometido propriamente um erro, sendo traído pela água presente no asfalto, num momento que poderia apanhar qualquer piloto.

Oliveira ensaiou a ultrapassagem a Miller, passando pela liderança durante breves segundos antes de ver o australiano recuperar o primeiro lugar na saída da curva e conquistar alguns metros de distância em relação ao português — distância rapidamente anulada pelo piloto da KTM, que corria colado à Ducati. Entretanto, a chuva tinha dado tréguas de forma definitiva e o sol já espreitava, com a pista a secar de forma notória em alguns pontos.

O momento mais aguardado chegou a 11 voltas do fim: Miguel Oliveira passou Jack Miller e, ao contrário do que tinha acontecido na primeira tentativa, resistiu à resposta do australiano e fugiu com ar aberto à frente para ir conquistando décimas de distância face à Ducati. O piloto português não voltou a permitir grandes investidas a Miller — que ainda esboçou uma reação e chegou a rodar a três décimas — e venceu o Grande Prémio da Tailândia na conclusão de mais uma verdadeira serenata à chuva. O piloto da KTM carimbou assim a segunda vitória da temporada depois de também ter ficado no primeiro lugar em Mandalika, na Indonésia, logo na segunda corrida de 2022.

Mais atrás, Pecco Bagnaia encerrou o pódio, seguido de Johann Zarco e Marc Márquez, com Fabio Quartararo a ficar fora dos pontos no 17.º lugar. Em resumo, e quanto faltam apenas três corridas para o final do Mundial, Quartararo tem agora escassos dois pontos de vantagem em relação a Bagnaia na classificação geral, adivinhando-se uma autêntica batalha pelo título até ao fim. Já Miguel Oliveira, com esta vitória, regressou ao top 10 e é agora oitavo no Mundial de MotoGP.