O rei Carlos III não vai estar presente na cimeira internacional sobre alterações climáticas (COP27) no Egito, agendada para novembro, com a imprensa britânica a assinalar que a decisão surgiu após a oposição da primeira-ministra britânica, Liz Truss.

De acordo com o jornal Sunday Times, a líder conservadora ter-se-á oposto à participação do monarca na conferência, quando se reuniu com o rei no mês passado no Palácio de Buckingham. Embora não houvesse qualquer desmentido oficial, outros meios de comunicação britânicos citaram o palácio e fontes governamentais não identificadas para explicar que Carlos III tomou a decisão de não ir ao evento após consulta com a primeira-ministra e que qualquer sugestão de desacordo era falsa.

Segundo as regras que regem a monarquia constitucional britânica, o rei está impedido de interferir na política. Por convenção, todas as visitas oficiais ao estrangeiro de membros da família real são realizadas de acordo com o conselho do governo e uma decisão como esta teria resultado de consulta e acordo.

Antes de se tornar rei, quando a Isabel II morreu a 8 de setembro, houve especulações de que Carlos viajaria até à cimeira na anterior condição de Príncipe de Gales. Carlos participou na cimeira climática anterior (COP26), no ano passado, em Glasgow (Escócia), mas a sua participação na conferência deste ano nunca foi confirmada. A COP27 tem lugar de 16 a 18 de novembro na estância turística de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em novembro, ainda como príncipe Carlos, o rei deslocou-se ao Egito, então com o acordo do Governo, para apoiar os esforços das autoridades egípcias nas questões ambientais, tendo se encontrado com o presidente Abdel Fattah Al-Sisi. O monarca sempre mostrou um profundo empenhamento nos temas ambientais e há decadas que apela publicamente a políticas para mitigar as alterações climáticas.

O deputado conservador, Tobias Ellwood, disse esperar que o bom senso prevaleça e que o rei seja autorizado a ir até ao Egito porque o “rei Carlos é uma voz respeitada a nível global” e a sua presença iria dar mais força à delegação britânica.Quando era Príncipe de Gales, Carlos chegou a ser acusado de ingerência em matérias governamentais. Após subir ao trono, o novo monarca britânico admitiu que teria menos liberdade para se expressar publicamente. “A minha vida irá, naturalmente, mudar à medida que assumir as minhas novas responsabilidades”, disse o rei num discurso televisivo, após a morte de sua mãe.

“Já não me será possível dar tanto do meu tempo e energias às instituições de caridade e às questões pelas quais tanto me preocupo. Mas sei que este importante trabalho irá continuar nas mãos de outros“, finalizou.