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“Não podemos vencer” a guerra, admitiu o tenente-coronel russo Vitaly Votanovsky, uma voz de oposição ao conflito na Ucrânia. Para o veterano russo, o Presidente Vladimir Putin é o responsável pelo cenário que fez com que a Rússia não possa sair vitoriosa.

“Putin destruiu os recursos de mobilização com as suas próprias mãos e agora o idiota envolveu-se numa guerra com todo o mundo”, disse Votanovsky ao The Moscow Times.

O veterano já foi detido por várias vezes desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro. Ainda este mês foi preso enquanto filmava as novas campas dos militares sepultados em Tikhoretsk. Estão em causa as leis russas como as que proíbem a divulgação de “notícias falsas” sobre o exército, vistas com um esforço do Kremlin para silenciar as vozes que se opõem à invasão da Ucrânia.

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A minha experiência na política de oposição diz-me que tudo no nosso país está assente em mentiras”, afirmou.

Também Nikolai Prokudin, um veterano de 61 anos que combateu no Afeganistão durante a invasão soviética, se revolta com a guerra na Ucrânia e garante não estar sozinho. “Nós [veteranos] falamos todos e discutimos o que se está a passar (…). Há pessoas com pontos de vista semelhantes ao meu, outros menos radicais … Mas a maioria está a ser enganada pela propaganda“, explicou.

Eles [ucranianos] são meus amigos, meus camaradas, por isso estou profundamente indignado com o que se está a passar.”

Prokudin assume-se disposto a defender a Rússia dos ucranianos, bielorrussos ou até dos turcos, mas “apenas” em caso de ataque.

Os veteranos russos ouvidos pelo Moscow Times enumeraram vários motivos para a sua oposição à guerra, desde o ataque “injusto” ao país vizinho aos efeitos que o conflito terá na própria Rússia. Para Sergei Gulyaev há um outro que se impõe: deve a sua vida a um soldado ucraniano que o salvou no Afeganistão.

“Um soldado ajudou-me a sair de uma situação muito difícil no Afeganistão. O filho morreu enquanto defendia o aeroporto de Donetsk … o seu único filho (…). O meu país matou o seu filho”, contou. O jovem morreu em 2014 numa batalha contra os separatistas apoiados pela Rússia.

Por agora não sabe se será convocado para a mobilização, mas garante que não vai lutar contra a Ucrânia: “é preferível ser preso”. A sua posição custou-lhe o cargo de presidente da organização de veteranos da guerra do Afeganistão, na sua cidade natal, São Petersburgo.

“Eu disse-lhes: ‘rapazes, eu não vou com ele [Putin] para a guerra. Ele não está a liderar as nossas tropas montado num cavalo branco, mas sentado num bunker no Kremlin ou num palácio em Gelendzhik com os seus iates e as suas prostitutas‘”, disse ainda ao jornal russo. Para Gulyaev, a corrupção na Rússia e incompetência das chefias é uma das razões pelas quais o sucesso no campo de batalha na Ucrânia é improvável. “Putin e Shoigu [ministro da Defesa russo] não serviram no exército um único dia, por isso têm uma vaga ideia sobre o estado e as capacidades das nossas Forças Armadas e das ucranianas“.

Nos mais recentes progressos, a Ucrânia assumiu ter recuperado a cidade de Lyman, na região de Kharkiv. No domingo, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, explicou que os militares estão a fazer avanços, mas foi escasso nos detalhes. “A história da libertação de Lyman, na região de Donetsk, tornou-se a mais popular nos média, mas o sucesso dos nossos soldados não se limita à zona de Lyman”, referiu num discurso. Adiantou apenas que as localidades de Arkhanhelske e Myroliubivka, na região de Kherson, foram “libertadas”.