Uma investigação realizada pelo site Chess.com e revista pelo The Washington Post acusa Hans Niemann, grande mestre de xadrez no centro de uma polémica que envolve também o pentacampeão Magnus Carlsen, de ter feito batota em pelo menos 100 partidas, nas quais “provavelmente recebeu assistência ilegal”.

As novas acusações surgem depois de Magnus Carlsen ter afirmado em comunicado que, num jogo que disputou com Hans Niemann na Sinquefield Cup, sentiu que o adversário “não estava tenso e nem sequer estava totalmente concentrado no jogo, nas jogadas difíceis”, como considerava expectável.

Magnus Carlsen sugeriu que “deve ser feito algo em relação à batota” e avisou: “Não quero jogar com pessoas que fizeram batota repetidamente no passado porque não sabemos o que são capazes de fazer no futuro”. Depois disso, Hans Niemann admitiu que fez batota duas vezes, aos 12 e aos 16 anos (agora tem 19) em jogos online. Presencialmente nunca: “Se quiserem que jogue totalmente nu, eu faço-o”, desafiou.

Escândalo no xadrez: melhor jogador do mundo acusa adversário de batota e recusa-se a jogar

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Agora o Chess.com, uma plataforma de jogos de xadrez disputados em streaming, comparou os movimentos escolhidos por Hans Niemann em centenas de partidas com os aconselhados a cada momento por computadores através de inteligência artificial.

As coincidências eram tantas que, de acordo com o relatório interno do site, Niemann há “fez batota mais do que frequentemente” e que há seis encontros pessoais de Niemann com outros jogadores que “merecem mais investigação baseada nestes dados”, aponta o The Guardian.

Mas “de modo geral, descobrimos que Hans [Niemann] provavelmente fez batota em mais de 100 jogos de xadrez online, incluindo vários eventos com prémio em dinheiro. Já tinha 17 anos quando provavelmente fez batota em algumas dessas partidas e jogos. Também estava em streaming em 25 desses jogos”, diz o relatório.

Nenhum dos jogos sob suspeita foi um frente-a-frente com Magnus Carlsen porque a investigação não encontrou “evidência direta” de batota. Mas encontrou “anomalias” na evolução de Hans Niemann, que do lugar número 800 a nível mandou passou a estar no top 50 em menos de dois anos. É a evolução mais rápida da história moderna do xadrez e aconteceu “muito mais tarde na vida do que os seus pares”, citou a BBC.