O Presidente da República apontou esta quarta-feira à companhia aérea portuguesa TAP “um problema de bom-senso”, na sequência de notícias sobre a compra de carros de luxos para administradores e diretores, defendendo contenção em tempos difíceis.

“Já falei em relação a várias entidades públicas no passado e em relação à distribuição de dividendos e em relação aos salários e entendo que quando se está num período de dificuldade deve fazer-se um esforço para dar o exemplo de contenção”, defendeu hoje Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado reagiu assim ao ser confrontado com notícias que dão conta de que a TAP encomendou dezenas de carros de luxo para administradores executivos e diretores de topo, uma investigação da CNN Portugal, segundo a qual estas viaturas vão substituir a atual frota automóvel da companhia aérea.

No entender do Presidente da República, é compreensível que as empresas façam despesas, mas defendeu que é preciso “ter algum bom senso” quando o país e o mundo atravessam um “período difícil”. “É um problema de bom senso”, rematou, em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

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Já o Bloco de Esquerda considerou “um insulto” ao país a TAP ter encomendado carros de luxos para administradores e diretores e defendeu que esta situação “deveria merecer um enorme reparo” por parte do Governo. “É um insulto o que a administração da TAP fez ao país e creio que da parte do Governo, que é quem representa o Estado junto da TAP, porque é o representante do acionista deveria merecer um enorme reparo”, defendeu o líder parlamentar do BE.

Pedro Filipe Soares, que falava aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa dos 112 anos da implantação da República, em Lisboa, reagiu assim às notícias que dão conta de que a TAP encomendou dezenas de carros de luxo para administradores executivos e diretores de topo, uma investigação da CNN Portugal, segundo a qual estas viaturas vão substituir a atual frota automóvel da companhia aérea.

“Quando tivemos milhares de milhões de euros de dinheiros públicos que foram usados para salvar a TAP por ser estratégica para o país, e nós consideramos que é estratégica para o país, não faz sentido que o dinheiro público seja usado com decisões que são incompreensíveis como essa”, defendeu o deputado.

O líder parlamentar do BE apontou que “também é um insulto ao país a ideia do Governo de injetar milhares de milhões de euros na TAP no ano passado, há dois anos, e agora dizer que ela está disponível para ser privatizada”. E defendeu que “isso não é compreensível porque se ela era estratégica no passado, é estratégica no presente e será estratégica no futuro, tem é que ser salvaguardado o interesse público”, considerando que “parece mais um exemplo” de que isso não está a acontecer.

A TAP defende que a renovação da frota automóvel para a administração e gestores permite uma poupança de 630 mil euros anuais, justificando que a decisão foi assente neste racional ao mesmo tempo que cumpre os contratos.