“Tudo que é bom tem um fim. Com esta revogação de contrato, o meu ciclo acabou aqui na nossa equipa. Um obrigado é pouco para agradecer todas as pessoas que trabalharam comigo ao longo destes sete anos maravilhosos”. No verão de 2021, e após sete temporadas na Luz, Benfica e Samaris estavam pela primeira vez em caminhos distintos em relação aos projetos de cada um. O clube, pela falta de espaço no plantel e pelo ordenado que auferia, preferia que saísse; o jogador, pela história construída e pelo peso no balneário, preferia ficar. A meio dessas vontades encontrou-se um acordo e o grego rescindiu mesmo por mútuo acordo o vínculo que estava a terminar com os encarnados. Foi-se essa ligação, ficou “a” ligação.

Enzo, um Mago entre o Feiticeiro e um momento de bruxaria (a crónica do Benfica-Rio Ave)

Depois de uma temporada nos Países Baixos ao serviço do Fortuna Sittard, o médio de 33 anos regressou a Portugal para representar o Rio Ave e deixou logo uma espécie de cartão de visita na apresentação, ao deixar uma indireta ao FC Porto na sequência das críticas feitas aos vila-condenses depois da derrota dos dragões. “A minha ideia do Rio Ave é de que é um clube que joga futebol. Não tenta antijogo, [quando era adversário] tentava sempre ter uma ideia de futebol independentemente do seu treinador e isso demonstra um pouco da cultura de clube. Isso foi uma das coisas que mais me puxou para aqui”, referiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Estou muito feliz por voltar a Portugal. Fui sempre tratado com muito carinho ao longo de sete anos passados no país. Chegar ao Rio Ave, um clube que sempre achei um dos melhores em Portugal, é mais um motivo para estar feliz. Como foram as negociações? As pessoas do Rio Ave contactaram-me, a minha primeira reação foi olhar para o clube como um bom clube. Tiveram um azar no ano passado mas isso em nada diminui o clube. Fui falando com a minha família, passámos dez dias a falar entre mim e o clube e surgiu esta decisão. E estou muito feliz por ela”, acrescentou ainda o internacional grego.

Depois de um período de adaptação à realidade da equipa e dos métodos de trabalho, Samaris foi pela primeira vez opção à sétima jornada, entrando a meio da segunda parte do encontro em Barcelos frente ao Gil Vicente. Na ronda seguinte, jogou pela primeira vez de início, alinhando 62′ na vitória frente ao Santa Clara em Vila do Conde. Seguia-se o Benfica, com o grego de novo de início e a iniciar a jogada do primeiro golo do encontro por Fábio Ronaldo. No final, os encarnados ganharam por 4-2 mas nem por isso deixou de ser uma das partidas mais marcantes em Portugal agora do outro lado da barricada.

Ainda antes do apito inicial, a realização da BTV apanhou a emoção de Samaris no regresso à Luz, com o médio a não conseguir conter as lágrimas poucos momentos antes do início da partida. Mais tarde, quando foi substituído aos 66′, o grego voltou a não aguentar e, entre agradecimentos à ovação de pé de todos os presentes no Estádio da Luz, saiu de novo a chorar, sendo confortado pelos companheiros. De forma natural, no final da partida, o foco esteve também no jogador, cumprimentado por vários antigos jogadores num dos vários capítulos marcantes do regresso do helénico ao clube onde jogou entre 2014 e 2021.

“Estamos muito felizes porque nunca é fácil jogar estes jogos depois de um encontro como o que tivemos na quarta-feira frente ao PSG. Fizemos algumas alterações, criámos muitas oportunidades, penso que podíamos ter facilitado se tivéssemos concretizado algumas oportunidades mais cedo. É óbvio que todos os jogadores que aqui estão que podem jogar no Benfica, às vezes têm de esperar um bocadinho mais, sobretudo no início da época, mas todos tiveram uma abordagem positiva nos treinos. Golo do Rio Ave? Coisas destas podem acontecer, já sabíamos. Eles aproveitaram para marcar, apesar de estarmos preparados. Os adeptos confiam em nós, nós estamos confiantes, era importante marcarmos aqueles dois golos e com o terceiro o jogo ficou praticamente resolvido ainda antes do intervalo”, disse Roger Schmidt.