O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estimou esta sexta-feira que pelo menos 615 crianças morreram no Paquistão devido às inundações “catastróficas” que assolam o país desde junho e que já deixaram mais de 1.700 mortos.
As inundações sem precedentes do Paquistão, atribuídas às alterações climáticas pela ONU, já fizeram quase oito milhões de deslocados, numa crise cujo alívio depende de ajuda internacional urgente.
A UNICEF estima que cerca de dez milhões de crianças precisam de ajuda imediata para sobreviver neste momento, um número “assombroso” que demonstra a “esmagadora escala de necessidades pela qual a população está a passar”, numa tragédia que se agravará ainda mais com a chegada do inverno.
A agência da ONU também estima que cerca de 520 mil crianças no país sofrem de desnutrição aguda grave e precisam de tratamento imediato num país onde, antes desta tragédia, a taxa média do atraso de crescimento de crianças menores de cinco anos já era de 50% nos distritos afetados.
A organização também lamenta que os danos aos sistemas de abastecimento de água e instalações de saneamento tenham deixado 5,5 milhões de pessoas sem acesso a água potável, expondo a população a doenças mortais como cólera, diarreia, dengue e malária.
Até agora, a UNICEF entregou ajuda humanitária no valor de 10 milhões de euros, e transportou mais de 145 toneladas métricas de bens para o país, incluindo 820.000 comprimidos para o paludismo no último fim de semana.
Além disso, estabeleceu 86 unidades móveis de saúde e 226 escolas temporárias para ajudar as crianças a lidar com traumas e retomar a sua rotina educacional.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, elevou esta sexta-feira o seu apelo por ajuda financeira para o Paquistão, para 816 milhões de dólares (835 milhões de euros), e alertou que o país poderá sofrer um surto de cólera, paludismo e dengue.
Numa reunião na Assembleia-Geral das Nações Unidas com o objetivo de adotar medidas face às inundações sem precedentes no Paquistão, António Guterres indicou que o país “está à beira de um desastre de saúde pública” e que o povo paquistanês está a ser vítima de injustiça climática.