O presidente da Câmara de Gaia disse esta quinta-feira que o Estudo de Impacto Ambiental da linha Rubi do Metro do Porto não é “negativo” e que a inserção da ponte vai ser resolvida por dois dos “melhores arquitetos”.
“Nenhuma das reservas que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) levanta vão ao ponto de ser um estudo negativo. O estudo aprova a linha Rubi com essa nuance da inserção urbana que é passível de ser resolvida pelos dois melhores arquitetos da escola de arquitetura do Porto”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova Gaia.
Em declarações enviadas pelo gabinete de comunicação da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues salienta que o impacto cénico da linha na paisagem é “absolutamente normal”.
“Ninguém imagina pontes em que não haja impacto cénico e também ninguém imagina que ao lado de uma ponte classificada como a ponte da Arrábida que se pudesse construir o que quer que seja que não tivesse algum impacto“, afirma.
Destacando que o impacto cénico negativo apontado no estudo “não é irreversível“, Eduardo Vítor Rodrigues mostrou-se “confiante” que, ao nível da inserção urbanística do lado do Porto, os arquitetos Eduardo Souto Moura e Álvaro Siza vão “garantir uma segurança suficientemente positiva para que as reservas levantadas pelo estudo sejam resolvidas”.
“É evidente que do lado de Vila Nova de Gaia, a inserção da ponte é muito mais fácil porque já há uma VL8 planeada, do lado do Porto a inserção é num tecido urbano relativamente consolidado, que exige que o arquiteto Eduardo Souto Moura e Álvaro Siza façam um trabalho rendilhado fundamental”, referiu, dizendo que os dois municípios estão “alinhados” tanto na importância da linha Rubi, como da travessia.
O presidente da Câmara de Gaia salientou ainda que a Metro do Porto fez “o máximo que era possível“, ao trazer para o “encaixe [da ponte] do lado do Porto, as duas figuras mais extraordinárias”.
O EIA da linha Rubi do Metro do Porto admite que a nova ponte sobre o rio Douro causa um “impacto negativo bastante significativo” na paisagem e, “sobretudo, cenicamente”, apesar de estarem previstas medidas de mitigação projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza.
Ao contrário dos restantes impactos para o restante traçado da linha Rubi, que “terá um impacte nulo” no traçado subterrâneo ou “ocorrendo pontualmente alguns impactes pouco significativos”, “constitui exceção o novo atravessamento do rio Douro, que terá um impacte negativo na paisagem bastante significativo, estrutural e, sobretudo, cenicamente”.
As informações constam do resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da linha Rubi do Metro do Porto, que entrou em consulta pública na quarta-feira e que ficará aberta até 17 de novembro.
O mesmo resumo refere, porém, que, “globalmente, a implementação do projeto, apesar de acarretar a ocorrência de impactes negativos na paisagem, não se constitui como uma disrupção inaceitável na paisagem da cidade do Porto”.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou hoje que as conclusões do EIA da linha Rubi do Metro do Porto confirmam as preocupações que tem vindo a manifestar ao admitir que a nova ponte sobre o rio Douro causa um “impacto negativo bastante significativo” na paisagem.
“Eu esperava não ter razão. Este estudo, na questão cénica, que é muito importante para a cidade, vem confirmar a minha opinião e preocupação”, salientou Rui Moreira, acrescentando, no entanto, que a participação do arquiteto Álvaro Siza Vieira “tranquiliza“, sobretudo, na relação entre a ponte e os seus acessos com a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).
A construção da futura linha Rubi do Metro do Porto, entre Santo Ovídio e Casa da Música, deverá levar dois anos e 10 meses, podendo obrigar à demolição de edifícios em Gaia, segundo o EIA.
Em Gaia, as estações previstas para a linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.
A construção da linha Rubi, prevista no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), custará 300 milhões de euros mais IVA.