O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, sublinhou esta quinta-feira a necessidade de ser feito “muito mais em matéria de políticas de Defesa e Segurança” na Europa, reforçando meios sem aumentar a dependência dos Estados Unidos.

Tiago Antunes participou no num painel sobre políticas de esquerda para a Segurança, na “Cimeira da Governação Progressiva 2022”, que se realiza neste dia e sexta-feira em Berlim, apontando a necessidade de um reforço na estratégia securitária europeia, mais do que numa completa mudança, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Há claramente um sentido de urgência, há muito trabalho a fazer em muitas direções. Acredito que temos de agir rapidamente, e, como progressistas, temos de estar na linha da frente deste debate. Temos de ser capazes de moldar este desenvolvimento das políticas de Defesa e Segurança desde um ponto de vista progressista”, revelou o secretário de Estados dos Assuntos Europeus.

A discussão partiu da “mudança de rumo” (“Zeitenwende“, em alemão) anunciada por Olaf Scholz, a 27 de fevereiro, em que este admitiu que a guerra na Ucrânia é um ponto de viragem na Europa. O chanceler alemão anunciou, na altura, no Parlamento, um aumento para 2% do orçamento para a Defesa, que passou a contar com 100 mil milhões de euros.

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“Precisamos de ter os meios para nos defendermos. E não podemos recorrer a fornecedores externos como os Estados Unidos para tratar da segurança dos nossos cidadãos”, apontou Tiago Antunes, acrescentando que é necessário “fortalecer a capacidade da Europa de se defender, não como uma alternativa à NATO, não como uma ameaça à NATO, mas em cooperação.”

O governante revelou que prefere focar-se no que pode ser feito já, não descartando, no futuro, a criação de um exército comum europeu.

“Não falo de medidas tabu, como criar um exército comum europeu. Não é isso. Mas sim coisas básicas, como coordenar a aquisição de novos meios militares para que todos tenhamos mais ou menos os mesmos equipamentos”, revelou.

“Devemos fazê-lo tendo em conta a tecnologia europeia e a indústria europeia na área da defesa para que, mais uma vez, não seja criada outra situação de dependência. E também para que não sejam enviados milhões e milhões de euros para o estrangeiro para comprar novos equipamentos militares“, sustentou, recordando a falta de equipamentos sanitários durante a pandemia de Covid-19.

Tiago Antunes enfatizou a importância de “parar Putin”, o que significa “fazer muito mais em matéria de políticas de Defesa e Segurança para assegurar o nosso abastecimento de energia e as nossas infraestruturas” na Europa.