Uma mulher argelina de 24 anos é a principal suspeita da morte de Lola, a rapariga de 12 anos que foi encontrada dentro de uma mala em França. A mulher e um suspeito de 43 anos foram ouvidos por um juiz esta segunda-feira: ela ficou em prisão preventiva e ele sob supervisão judicial.

Identificada como Dahbia B., a mulher responde por “homicídio e violação de menor de 15 anos envolvendo atos de tortura e violência extrema”, noticia o jornal francês Le Monde. O homem foi indiciado por ocultação de cadáver.

Crime macabro choca França. Menina de 12 anos encontrada morta com sinais de tortura dentro de mala

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A investigação judicial por “violação cometida com atos de tortura e de barbárie” e por “ocultação de um cadáver” já identificou seis pessoas: os dois presentes a tribunal e mais quatro pessoas detidas para interrogatório, incluindo a irmã da principal suspeita. Estas quatro pessoas já foram libertadas, de acordo com a agência AFP.

Principal suspeita atacou a menina em casa da irmã

A suspeita, que sofre de distúrbios psiquiátricos, foi considerada apta para responder ao interrogatório, mas teve um discurso pouco coerente, ora confirmando, ora negando o seu envolvimento na morte de Lola. Entretanto, será sujeita a uma perícia psicológica e psiquiátrica.

Num relato da situação, citado pela France 24, a mulher disse que tinha levado a jovem para casa da irmã, que vive num apartamento no mesmo prédio da família de Lola, e que a tinha obrigado a tomar banho.

No interrogatório, Dahbia B. admitiu ainda ter agredido sexualmente a menina e ter usado outros atos de violência que lhe provocaram a morte. Depois, retirou a confissão, mas há outros indícios que implicam a suspeita.

O corpo da rapariga foi encontrado numa mala de plástico, coberto de roupa. As câmaras de vigilância do prédio — a que o pai de Lola, porteiro no edifício, teve acesso — mostram a mulher a chegar com a menina e a sair com a referida mala.

A autópsia revelou que Lola apresentava sinais de asfixia e compressão cervical. A rapariga tinha ainda marcas de múltiplas facadas, incluindo no pescoço, e os números um e zero desenhados a vermelho na sola dos pés — a polícia desconhece o significado.

A polícia não encontrou indícios de que se trate de um crime relacionado com tráfico de órgãos, como chegou a ser inicialmente noticiado, e considera que a mulher cometeu um ato de violência “gratuito”, noticia a BBC.

Em investigação está ainda a possibilidade de se tratar de uma vingança. A suspeita admitiu que a mãe da rapariga e porteira do prédio lhe terá negado um cartão de acesso ao edifício. Quando viu Lola, a suspeita diz ter pensado ser a mãe e que isso a teria levado a cometer o crime, segundo noticia a BFMTV.

Suspeito transportou a mala com a menina

Já na rua, a suspeita terá apresentado um comportamento errático e oferecido dinheiro para a ajudarem a transportar a mala com o corpo da criança, uma outra mala e uma caixa.

O segundo suspeito detido, um homem de 43 anos amigo de Dahbia B., admitiu tê-la levado de carro para sua casa, assim como a bagagem.

Poucas horas depois, terá chamado um carro e instruído o motorista para levar a mulher e a bagagem de volta ao bairro da irmã (19.º arrondissement de Paris), mas sem tocar em nada, reporta a BFMTV, citando fontes próximas da investigação.

De regresso ao bairro, Dahbia B. pediu ajuda à irmã para transportar as malas enquanto esta a questionava sobre o que estava lá dentro. A mulher terá abandonado a mala de plástico com a menina e deixado o bairro, numa altura em que a polícia já se encontrava no local.

O que se sabe sobre a principal suspeita?

Dahbia B. terá entrado legalmente em França, em 2016, com uma autorização de residência de estudante, noticia a rádio France Bleu citando uma fonte próximo do processo. Já em agosto deste ano foi detida no aeroporto por não ter autorização de residência válida, tendo-lhe sido dados 30 dias para deixar o país.

A polícia já tinha identificado a mulher em 2018, quando se apresentou como vítima de violência doméstica. Dahbia B. não tem antecedentes criminais.

Atualmente, não é conhecido emprego ou residência fixa à principal suspeita do crime. Dahbia B. ia ficando em casa de amigos e conhecidos e estava há uns dias na casa da irmã.